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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Dança na escola: uma educação pra lá de física

Dançar é uma das maneiras mais divertidas e adequadas para ensinar, na prática, todo o potencial de expressão do corpo humano. Enquanto mexem o tronco, as pernas e os braços, os alunos aprendem sobre o desenvolvimento físico. Introduzir a dança na escola equivale a um tipo de alfabetização. "É um ótimo recurso para desenvolver uma linguagem diferente da fala e da escrita, aumentar a sociabilidade do grupo e quebrar a timidez", afirma Atte Mabel Bottelli, professora da Faculdade Angel Viana e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E o melhor: o trabalho pode ser feito com turmas de todas as idades e de forma interdisciplinar, envolvendo as aulas de Artes e de Educação Física. O mais importante, no entanto, não é convencer a turma a ensaiar para se apresentar no final do ano. "A prioridade é levar a criança a ter consciência corporal e entender como o corpo dela se relaciona com o espaço", ensina Ivaldo Bertazzo, coreógrafo e professor de reeducação do movimento, de São Paulo. Por volta dos 10 anos, a criança sedentária pode apresentar encurtamento de alguns músculos, o que provoca tensão. Esse estado tira o corpo da postura vertical, fundamental para que os sentidos (visão, audição etc.) funcionem bem e para manter a concentração inclusive nas aulas. Fique atento: nos garotos, as evidências mais comuns do encurtamento dos músculos são o corpo jogado para trás, a coluna curvada ao sentar e as pernas abertas quando estão parados em pé. Já nas meninas, um corpo mal-educado se revela pelo abdome saliente, o bumbum empinado para trás e os ombros contraídos. Em ambos, pescoço tenso, coluna pouco ereta e desinteresse por esportes são motivos para deixar pais e educadores alertas. Passos de dança e o alongamento contribuem para evitar a tensão. "A dança é a única manifestação artística que realmente integra o corpo e a mente", afirma Marília de Andrade, professora da Universidade Estadual de Campinas.

Brincadeiras servem para aquecer 


Primeiros passos: com as típicas sombrinhas, turma de Educação Infantil aprende frevo na escola Espaço Brincar, em São Paulo. (Crédito: Foto: Karine Basilio)
No Espaço Brincar, em São Paulo, os professores de Educação Infantil Sílvia Lopes, Bruno Quintas e Yvan Dourado desenvolvem estratégias lúdicas para fazer as crianças se mexerem. Pesquisadora da cultura popular, Sílvia resolveu ensinar alguns passos de frevo à turminha. Antes, recorreu às brincadeiras infantis e à contação de histórias. "Não adianta trazer a coreografia pronta", alerta a professora. "Os alunos querem participar da criação e precisam descobrir, primeiro, que movimentos já sabem fazer."

Para esquentar e levar cada um a conhecer melhor o corpo, a professora chamou a garotada para participar de um bolo humano. A atividade tem início com todos sentados em um grande círculo. Aos poucos, eles vão se arrastando para o centro da roda, orientados por Sílvia, que indica como vão se movimentar. Quando todos estão juntos, simulam com braços e pernas adicionar os ingredientes à massa do bolo. Em seguida, eles se chacoalham, imitando uma batedeira, e voltam para o lugar de origem, também movendo-se pelo chão.
Em outro momento, a professora conta a história do saci-pererê. "Escolhi o personagem porque ele se apóia numa perna só e a garotada adora ficar assim, se equilibrando", observa Sílvia. A idéia é que, com sombrinhas de frevo, os alunos interpretem como o saci faria para atravessar uma floresta, cruzar um rio, desviar de cobras e onças com pulos e rolar pelo chão. Pronto! Assim, as crianças aprendem os passos básicos do frevo. A aula de 50 minutos acaba com um relaxamento coletivo.

A professora de Educação Física Luciana Burgos, de Porto Alegre, também uniu a cultura popular à consciência corporal em suas aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nações Unidas. Há dez anos, ela percebeu que podia associar alguns exercícios a passos do vanerão, dança típica gaúcha. Nesse caso, o ideal é começar o trabalho pela teoria, explicando a origem da dança. Depois, entram em cena elementos como música e figurino. "Em pouco tempo, conseguimos formar várias duplas", conta a professora. "Deixei as aulas de ginástica a cargo de um colega e me dediquei só ao grupo de dança."

O popular deixa a dança mais atraente

Para despertar nos alunos o interesse pela dança, é preciso levar em consideração o repertório artístico que eles têm, deixar bem claro que homem também dança e, claro, convidar a turma toda para participar. Há 15 anos, a professora de Artes Marly Vendramini Cairoli, da Escola Municipal de Ensino Fudamental Dona Angelita Maffei Vita, em São Paulo, propõe atividades variadas para atrair alunos de 5ª a 8ª série para suas aulas.

Diversas turmas já contaram em forma de coreografia a história do cientista Albert Sabin (1906-1993) e do pintor Salvador Dalí (1904-1989) e reproduziram com o corpo a famosa tela Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973). A última inspiração de Marly veio de uma visita que suas turmas de 7ª e 8ª séries fizeram à exposição A Herança dos Czares, uma reunião de 200 obras do Museu do Kremlin, de Moscou, que ficou em cartaz entre abril e junho no Museu de Arte Brasileira, em São Paulo. "Como já tínhamos estudado a arte bizantina, não tive dúvida: desafiei os adolescentes a montar um pagode", conta Marly. Apesar de no Brasil a palavra designar um tipo de samba, ela também denomina uma dança russa.

Passos do pagode russo na escola Angelita Maffei Vita: a idéia da atividade surgiu após visita a uma mostra sobre arte na terra dos czares.(Crédito: Foto: Karine Basilio)
Durante um mês, os alunos desenharam com o corpo figuras geométricas no espaço, somente para esquentar: em pé, um ao lado do outro, eles faziam retas com os braços ou, individualmente, formaram triângulos com as pernas, entre outros movimentos. Em seguida, a turma escolheu as músicas e montou uma coreografia de quatro minutos. "Quando a professora me convidou, achei que seria uma chatice, porque todo mundo só gostava de black music e axé. Me enganei", confessa Suelen Fabiano da Silva, da 8ª série. "Descobrimos que alguns passos de black e axé podem ser adaptados para o pagode. Ficou ótimo", diz Mauro Rogério, também da 8ª série.

Marly se livrou de uma armadilha em que muitos professores acabam caindo: tentar ensinar balé clássico na escola. "Esse estilo vai contra a espontaneidade da atividade. Trabalhar com as danças populares sempre dá mais certo", alerta Hulda Bittencourt, diretora artística da Cisne Negro Cia. de Dança. Há cinco anos, o Cisne Negro oferece o curso Vem Dançar, dirigido a professores da rede pública paulistana, que mostra como o repertório popular pode deixar a dança mais atraente e de que modo ela evoluiu ao longo do tempo.

Muitas vezes vista como elitista, a dança é uma atividade de integração que se adapta muito bem a qualquer currículo. As fontes de inspiração para as aulas podem variar, de acordo com o projeto da escola e os interesses da turma o comportamento dos animais e os fenômenos da natureza, por exemplo, rendem boas atividades. A sala não precisa nem ter espelhos, como as dos grandes centros de dança: basta ser limpa, bem iluminada e ventilada. Para a aula ser produtiva e agradável, diga à garotada para usar roupas leves e confortáveis e tomar muita água, como em qualquer esporte, para não desidratar.

Fonte: Revista Nova Escola

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Saúde na escola: alimentação infantil

                    Ao nascer, o principal alimento de que a criança necessita é o leite materno, não sendo necessário nenhum outro tipo de alimento (como chás, sucos, água, ou outro tipo de leite), nos seis primeiros meses de vida. O leite materno é um alimento muito importante para a criança, pois aumenta o laço afetivo entre mãe e bebê, auxilia na formação do sistema nervoso da criança, além de trazer inúmeros outros benefícios.
               A partir dos seis meses de idade, a amamentação já pode ser complementada com outros alimentos, que vão sendo inseridos na dieta da criança gradativamente. É nesse período que a mãe deve começar a estimular seu filho a manter uma alimentação balanceada, consumindo alimentos saudáveis como frutas, verduras e legumes e evitando alimentos como enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas. 
               Quando começam a frequentar a escola, as crianças descobrem outros alimentos e isso pode causar algumas mudanças nos seus padrões alimentares, por isso é muito importante que pais e educadores façam um trabalho de educação nutricional com essas crianças. “Hábitos alimentares errôneos nessa faixa etária podem conduzir a problemas nutricionais em curto prazo, tais como comprometimento do crescimento e do desenvolvimento na infância, bem como facilitar o aparecimento de doenças não transmissíveis na fase adulta, como, por exemplo: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo II, câncer, entre outras”, declara a nutricionista Alessandra da Silva Pereira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
               Para muitos especialistas, a rotina corrida dos pais é um dos principais motivos da má alimentação e consequente sobrepeso dos filhos, pois nessa correria cotidiana os pais oferecem alimentos industrializados mais fáceis de serem feitos e acabam transformando isso em um hábito. Para muitos pais, o mais importante é saciar a fome dos filhos, sem se preocuparem se a alimentação deles está ou não comprometendo o futuro de sua saúde. É extremamente importante que os pais deem o exemplo, e também mantenham hábitos saudáveis, já que são eles que determinam o que se consome dentro e fora de casa.
               Com o objetivo de prevenir doenças crônicas (como hipertensão e diabetes) e orientar a comunidade escolar a promover a saúde dos alunos, o Ministério da Saúde está intensificando ações de promoção à saúde, prevenção e controle da obesidade com alunos de 5 a 19 anos, que estudam em escolas públicas do país. Em função de a escola ser um ambiente fundamental para a formação de hábitos alimentares saudáveis, pais, educadores e outros integrantes da comunidade escolar serão informados quanto à inclusão da educação alimentar na grade curricular e orientados para que ofereçam uma alimentação mais saudável aos seus filhos, principalmente no que se refere ao lanche escolar. As cantinas das escolas também serão alvo da ação do Ministério da Saúde, pois, como afirma Patrícia Jaime, coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, “há comércio de alimentos ricos em açúcar, sódio e gorduras, como refrigerantes, refrescos, salgados e salgadinhos; e há pouca oferta de alternativas saudáveis, como frutas e sucos naturais”.
               Com essa ação, o Ministério da Saúde pretende conscientizar todos os membros da comunidade escolar para os perigos da obesidade infantil, visando a redução dos altos índices de crianças e jovens que se encontram acima do peso, prevenindo, assim, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como câncer, diabetes, doenças do aparelho circulatório e respiratórias crônicas.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

"O mito do amor materno"

Em “Um amor conquistado – o mito do amor materno”, Elizabeth Badinter nos mostra de maneira muito clara que o amor materno inato é um mito. Não é “dado”, mas sim, como deixa antever o título da obra, “conquistado”.

Porém, acreditamos em nosso imaginário que tal amor seja algo natural. Algo que nasce com as mulheres, verdadeiro apanágio feminino. Fala-se até de “instinto materno”. E coitadas daquelas que não o têm! Sofrem um certo preconceito, pois falta-lhes qualquer coisa de fundamental!

Essa convicção se dá basicamente por duas razões. 
A primeira é devido à imposição feita pela cultura, responsável pelo desenvolvimento do modelo de amor materno conhecido atualmente e com o qual temos convivido desde o século XIX.
A segunda, em uma relação de causalidade circular com a anterior, deve-se à necessidade de se idealizar a relação mãe-filho, idealização que obedece ao desejo de união perfeita, fantasia de completude que protege o indivíduo das ansiedades e medos mais primitivos de separação, abandono e perda.
Desse modo, a mãe é concebida como alguém puro a quem são atribuídos apenas sentimentos nobres de acolhimento, abrigo e continência no que diz respeito a sua cria. A criança, é vista como um ser que se satisfaz total e plenamente com uma relação fusional com ela satisfazendo-a do mesmo modo. (Um exemplo do valor dado à tão sonhada relação, são as expressões artísticas cristãs que retratam sempre a Madona olhando o Menino Jesus com enlevo e este, por sua vez, retribuindo com adoração).

O caráter ambivalente e contraditório desse modelo de vínculo que reúne sentimentos de aprisionamento e possibilidade de individuação, será enfrentado só bem mais tarde na vida, com a entrada do terceiro na relação diádica composta por mãe e filho, cujo primeiro representante e protótipo para os demais é o pai.

Contudo, o amor materno como o conhecemos atualmente, é aquisição bem recente. Os estudos trazidos por Badinter nos fazem ver que nem sempre foi assim. A mãe tinha mais uma função biológica que afetiva, ficando as crianças ao cargo de amas-de-leite que lhes garantiam a sobrevivência física, o suporte emocional e humanização.

A crença do amor materno instintivo, imaculado e incondicional terá importantes conseqüências no exercício da convivência entre pais e filhos, na visão de guarda e na dificuldade que se observa quando se apresentam modificações nos parâmetros de convívio estabelecidos como “naturais e corretos”, como veremos mais adiante.

Todo afeto para se dar precisa de proximidade física e emocional. Deve ser conquistado com e na convivência. É na intimidade das relações construídas no cotidiano que germina, cresce e frutifica.
E o amor materno não foge a essa regra. Não é decorrente, como se crê, da ação de algum instinto. É afeição que, como qualquer outra, necessita de reciprocidade desenvolvida em um relacionamento estreito e contínuo que assegure confiança e familiaridade aos que dele se nutrem.

Se o amor não é dado, não está garantido de antemão, não é fruto de geração espontânea, mas ao contrário, demanda empenho, cuidado e investimento dos que integram uma relação amorosa qualquer que seja ela – entre mãe e filho, entre amantes, ou entre amigos –, por qual motivo vê-se ainda com tantas reservas a atribuição da guarda dos filhos ao pai quando de uma separação conjugal? Talvez devido ao preconceito, medo de contrariar a prática usual, ou mesmo desinformação...
As noções que temos de como as funções e papéis sociais devam ser exercidos é resultado do que Pichón-Rivière (1985) denominou de representação da norma social designada. “[...] um imaginário social dado por idéias, imagens e estereótipos, isto é, representações simbólicas compartilhadas [...] com certa homogeneidade pelas pessoas da época histórica de que se trata”.

Devido a ação desses núcleos de significados imaginários que funcionam como lentes ou crivos de decodificação de comportamentos, alterar a visão de mundo e dos valores sobre os quais assentam as experiências, demanda um tremendo esforço e provoca desconforto não só naqueles que ousam mudar, mas também nos que os cercam.

Esse legado inconsciente e o mito do amor materno são em grande parte responsáveis por um lado, pelas mães que “deixam” a guarda para o pai, ou perdem a guarda sentirem-se, ou serem vistas como mães incompetentes, abandonantes e más e, por outro, os pais que reclamam a guarda, ou a “tiram” das mães sentirem-se, ou serem vistos como indivíduos cruéis e desumanos.

Ora, os atributos de afeto antes referidos não são prerrogativas do amor materno. Não estão adstritos a ele.
O amor paterno também é semeado, alimentado e aprendido no trato diário com os filhos. Nas oscilações da convivência, em meio à ambivalência, é construído e sustentado. Nada difere em possibilidade, da magnitude do amor materno.
Considerar que ambos os “amores” sejam conquistados, portanto legítimos e de igual qualidade não equivale a dizer que não haja diferenças entre eles. Afeto e função maternos e paternos têm suas especificidades por mais difícil que seja estabelecer distinções atualmente.

O que a criança precisa é de quem a olhe e veja como alguém de importância emocional, para nessa mirada poder reconhecer-se como alguém merecedor de amor e “amável”.
A cultura tem protegido as mulheres dando-lhes apoio, guarnecendo-as de modelos e ensinando-as a ser mães. O mesmo não tem se dado em relação ao pai. Abastecê-lo de modelos de paternidade próxima e emocionalmente responsável é desafio para todos nós, homens e mulheres.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O que é Carência Cultural?

A teoria da carência cultural (Cultural Deficit Model) surgiu e desenvolveu-se nos Estados Unidos, durante a década de sessenta. Em seguida, expandiu-se para os países da Europa e da America Latina, sendo assim, o Brasil.
Quanto ao fracasso escolar, “constatou-se” que estava diretamente ligado a privação cultural do qual sofria o educando.
No Brasil, a teoria da carência cultural se propagou na década de setenta.
Os estudos e pesquisas voltam-se, então, para a explicação de que os fatores sócio-culturais seriam fortes influencias nas características físicas, perceptivo-motoras, cognitivas e emocionais de cada individuo, segundo Patto 1990.
Essa teoria também procura encontrar soluções para remediar os “males educacionais” . O enfoque de tais programas era centrado na recuperação do ambiente não favorecido á criança na primeira infância. Daí o ensino infantil ser o alvo principal da educação compensatória. No entanto, as taxas de repetência e evasão continuavam efetivas dentro do quadro do ensino brasileiro, chegando a 56% na passagem da 1ª para a 2ª serie em 1977, segundo os dados do MEC.
A partir dessa realidade, nota-se que os programas de educação compensatória não estavam por dar conta do fracasso escolar, mas agravavam mais a situação do escolar.
Portanto, a teoria da Carência Cultural, apesar de ter enfatizado as causas do fracasso escolar provindas do educando, acabou por negar-se a si mesma. Uma vez que suas experiências depararam-se com resultados insuficientes.
A teoria tem sido criticada por pressupor um certo determinismo, ou seja, os alunos (geralmente de classe baixa e etnia historicamente oprimida, como negros e indígenas) com menor acesso à educação de qualidade e laços familiares-comunitários favoráveis estariam, segundo a lógica da teoria, praticamente fadados a um futuro sem esperanças. Além disso, a teoria pressupõe que os alunos obtêm maus resultados na escola por falta de informações, quando na realidade há problemas mais complexos envolvidos. Por exemplo, as culturas negras e indígenas oferecem importantes conhecimentos, mas estes são desvalorizados no sistema educacional e no mercado de trabalho.
Como alternativa, desenvolveu-se nos Estados Unidos a Teoria da Riqueza Cultural (Cultural Wealth Model), que respeita diversos tipos de conhecimento e estimula a resistência às situações estruturais desfavoráveis.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A que se atribui o fracasso escolar?

fracasso escolar pode ser compreendido como a consequência para um aluno da não-apropriação do aprendizado. Os conceitos, habilidades, valores, conhecimento e a questão da cidadania não foi internalizada no aluno, culminando muitas vezes, em baixas notas, reprovação e, por fim, no abandono da escola pelo mesmo.
Ao falar de fracasso escolar, é importante observar quando as dificuldades de aprendizagem vêm encobrir a fragilidade da escola, centrando no aluno todo insucesso de sua não aprendizagem. A falta de conhecimento didático do corpo docente está na raiz do fracasso escolar. O fracasso muitas das vezes dá-se devido a educação infantil que o individuo em causa teve. A importância de uma sadia educação infantil, é muito importante, e deve ser acompanhada directamente dos pais (Pai Mãe), para que este tenha uma base bem acentuada.
As principais causas do fracasso escolar são oriundas, em sua maior parte, dos sistemas de ensino que não conseguem atender às diversidades de necessidades presentes nas escolas, deixando de identificar onde se localizam as inadaptações à aprendizagem, e levar o aluno a descobrir sua própria modalidade de aprendizagem, considerando como ponto crucial seu modo particular de se relacionar com o conhecimento, ou seja, a aprendizagem escolar.
O fracasso escolar também pode ocorrer dependendo do contexto familiar, cultural, social e político que o indivíduo possa estar inserido.
Apesar de não suficientemente aprofundadas, as explicações sobre as raízes do fracasso escolar são reflexos de acontecimentos históricos anteriores.
No entanto, a partir de trinta, constituiu-se um movimento de intelectuais que almejavam reformas educacionais mais concretas. Estes intelectuais receberam espaço político diante das transformações que ocorriam nessa época. “ No âmbito do surto liberal e da movimentação política reformista que ocorria no pais, os pressupostos desta nova pedagogia encontraram terrenos propício a sua divulgação”. (PATTO,1990)
As causas do fracasso escolar até então centradas em características bio-psico-sociais do aluno vão direcionando-se para um novo enfoque, o da carência cultural escolar.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A Educação na Idade Média

Introdução

Como na Idade Média havia um monopólio da cultura e do pensamento por parte da Igreja Católica, a educação teve grande influência religiosa. Eram os integrantes da Igreja que estabeleciam o que deveria ser estudado, os conteúdos e os objetivos da educação. As escolas eram, portanto, associadas às instituições religiosas católicas. Embora controlada pela Igreja, a educação não ficou apenas no campo religioso, abrindo também espaço para o estudo das ciências, técnicas e habilidades.

Principais objetivos da educação medieval

- Transmissão de técnicas adquiridas
- Formação religiosa
- Desenvolvimento da leitura e escrita do latim
- Desenvolvimento de habilidades como falar, refletir, pensar, debater e concluir.

Currículo básico da educação na Idade Média:

- Gramática
- Dialética
- Retórica
- Geometria
- Aritmética
- Lógica
- Música
- Astronomia
- Latim

Tipos de Escolas

- Escolas Paroquias: voltadas, principalmente, para a formação de padres. Ensinava-se, basicamente, temas religiosos já que o objetivo principal era a formação sacerdotal.

- Escolas Monásticas: eram voltadas, principalmente, para a formação de monges. Funcionavam em sistema de internato. Latim, canto gregoriano, textos sagrados (entre eles a Bíblia) e Filosofia eram os principais temas estudados nestas escolas. Valorização do trabalho e disciplina também eram importantes nestas escolas.

- Escolas Palatinas: tinham como objetivo a formação mais ampla do indivíduo. Estudavam nestas escolas, principalmente, os filhos de nobres. Exigiam muita dedicação e empenho dos estudantes, pois tinham um currículo vasto. As principais disciplinas estudadas eram: Gramática, Aritmética, Geometria, Astronomia, Dialética, Retórica, Filosofia e Música.

- Universidades Medievais: surgiram na Europa no século XII. As primeiras foram fundadas na França, Inglaterra e Itália. Eram comunidades formadas por mestres e estudantes (universitas) voltadas para o ensino, pesquisa, produção de conhecimentos, reflexão e debate. Serviram de modelo para as Universidades que temos até hoje. Em função dos temas polêmicos que levantam e discutiam de forma aberta, sofreram muita intervenção de reis, ordens religiosas e até mesmo do papa. Após uma formação básica (Gramática, Retórica, Aritmética, Geometria, Filosofia, Lógica e Astronomia), os estudantes podiam prosseguir seus estudos em áreas específicas. Os primeiros cursos universitários na Idade Média foram de Medicina, Teologia e Direito.

Quem eram os estudantes

Grande parte dos estudantes da Idade Média vinha da nobreza, pois esta camada social possuía recursos financeiros para manter os filhos nas escolas. Os nobres decidiam quais filhos iriam para a área militar (formação de cavaleiros), para a formação técnica (escolas formais) ou formação religiosa (escolas monásticas).

Já os camponeses e seus filhos, sem recursos financeiros e presos às obrigações servis, não tinham acesso à educação escolar, ficando sem saber ler e escrever por toda vida.

Nos séculos XIV e XV (final da Idade Média), com o surgimento da burguesia, as escolas e universidades passaram a ter muitos estudantes oriundos desta nova camada social. Os filhos dos burgueses iam para escolas e universidades que davam formação mais ampla ou de caráter técnico. Os burgueses buscavam formar seus filhos em áreas como Medicina, Artes, Direito, Filosofia e Arquitetura. Claro que muitos burgueses também direcionavam os estudos dos filhos para que estes continuassem o negócio da família nas áreas de comércio ou finanças.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A Educação na Finlândia

"É possível prepará-los para as provas ou para a vida. Escolhemos a segunda opção"

A terra do Papai Noel e das boas escolas. Esta é a Finlândia. Há pouco tempo, parte de nossa equipe esteve por lá para ver com seus próprios olhos como funciona o sistema educacional, considerado um dos melhores do mundo. Sem preguiça, nem perder tempo, reuniram o maior número de informações a respeito. O que descobriram deixou a todos nós, no Incrivel.club, boquiabertos. Eis os fatos:
Segundo pesquisas internacionais realizadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), três vezes ao ano as escolas finlandesas apresentam os índices de desempenho mais altos do mundo. Seus alunos (que são os que mais leem no planeta) ocuparam o segundo lugar em ciências naturais e o quinto em matemática. Porém, o que mais surpreende a comunidade pedagógica não é isso, mas sim que os alunos finlandeses são os que, por dia, passam menos tempo estudando. 
O ensino básico na Finlândia possui dois níveis:
— Primário (alokoulu), da 1ª à 6ª série
— Secundário (yläkoulu), da 7ª à 9ª série
Há ainda uma 10ª série complementar na qual os alunos podem melhorar suas qualificações, depois da qual eles vão ou para escolas técnicas ou continuar seus estudos nos liceus (lukio) — que são um tipo de escolas preparatórias. 

Os 7 princípios da etapa média
da educação finlandesa:

1. Igualdade...

  • ... das escolas;
Lá não existe isso de 'escola de elite'. A maior das escolas acolhe 960 alunos, e a menor, 11, mas todas possuem as mesmas qualidades, recursos e financiamento, proporcionalmente ao seu tamanho. Quase todas as escolas são estatais, embora meia-dúzia delas sejam em parte privadas. O diferencial dessas escolas particulares, além das mensalidades, é que os alunos levam um ritmo mais pesado; em geral são colégios de formação especial que seguem modelos pedagógicos específicos: o de Montessori, de Freinet, de Morton ou de Waldorf. Escolas de idiomas, como de inglês, francês e alemão, também são particulares. 

E, seguindo esse mesmo princípio de igualdade, na Finlândia existe um sistema paralelo de ensino da língua finlandesa que vai do jardim da infância à universidade. E também, no norte do país, na Lapônia, onde vive o povo lapão (e o Papai Noel), há o ensino de seu idioma nativo. 
Antes, os finlandeses eram proibidos de escolher em qual escola seus filhos deveriam estudar e tinham de levá-los à que estivesse mais perto de casa. Hoje se revogou essa proibição, mas a maioria dos pais continua levando seus filhos nas escolas que ficam em seus bairros, já que todas são igualmente boas. 
  • ... de todas as matérias;
Se especializar numa matéria em detrimento das outras não é algo bem visto. Por exemplo, lá ninguém pensa que matemática é mais importante do que educação artística. Pelo contrário: alunos com queda para o desenho, para a música ou para os esportes são o critério para a formação de classes especiais.
  • ... dos pais;
A profissão ou status social dos pais dos alunos são informações que os professores ficarão sabendo apenas se for necessário. Eles são proibidos de perguntar aos alunos qualquer coisa nesse sentido. 
  • ... dos alunos;
Os finlandeses não classificam os alunos segundo suas capacidades ou aspirações profissionais, tampouco há alunos 'bons' e 'maus'. É proibido fazer comparações entre alunos. Tanto os alunos mais inteligentes quanto os que têm dificuldade para aprender estão misturados aos demais, inclusive aqueles com deficiências físicas, apesar de que podem ser formadas classes especiais para alunos com deficiência visual ou auditiva. Os finlandeses tentam ao máximo integrar à sociedade aquelas pessoas que necessitam de atenção especial; a diferença de desempenho entre os alunos finlandeses é a menor do mundo!

  • ... dos professores;
Não há professores favoritos ou odiados, nem os professores têm alunos ou classes favoritas. Qualquer desvio dessa harmonia estabelecida é passível de anulação do contrato do professor. Os professores finlandeses têm o dever de cumprir na íntegra o que se espera de seu trabalho, nem mais nem menos, além do que, todos se consideram igualmente importantes na sala de professores. Por exemplo, os professores de física, de artes, de literatura são igualmente estimados.
  • ... de direitos entre adultos e crianças.
Os finlandeses chamam isso de 'tratamento respeitoso aos alunos'. Desde a primeira série são explicados aos alunos os seus direitos, inclusive o direito de prestar queixa de algum adulto a um assistente social. Isso estimula os pais a entenderem que seus filhos são indivíduos independentes, e que as pessoas são não podem ofende-las com palavras ou com violência física. Humilhar os alunos é outra coisa que os professores são proibidos de fazer, mesmo que lá as leis trabalhistas lhes permitam fazê-lo. A peculiaridade mais notória é que cada professor é contratado por apenas um ano, havendo possibilidade de se renovar ou não esse contrato. E além de tudo, professores auxiliares recebem um salário de 2500 euros, e os titulares, de 5000 euros.

2. Gratuidade

Além da educação, também são gratuitos:

  • As refeições;
  • As visitas a museus e atividades extra-classe;
  • O transporte que leva e traz os alunos se a escola estiver a mais de dois quilômetros de suas casas;
  • Todos os livros didáticos e material escolar, como calculadoras, computadores individuais e tablets.
É proibido cobrar qualquer taxa dos pais!

3. Individualidade

Para cada aluno se estipula um plano individual de estudo e desenvolvimento. Essa individualização tem a ver com o conteúdo dos livros didáticos, dos exercícios, quantidade de deveres de classe, de casa etc, e com o tempo com que se planeja realizá-los. O mesmo ocorre com o material que os professores proveem: quais alunos recebem o conteúdo mais complexo e quais os mais simples. 
Na mesma aula os alunos realizam exercícios de diferentes níveis de dificuldade e a nota final varia de acordo com as diferentes capacidades de cada um. Se hoje, por exemplo, um aluno consegue fazer os exercícios básicos satisfatoriamente, amanhã lhe será dado um exercício mais complexo. Se ele não conseguir, não tem problema... serão dados exercícios com o nível de dificuldade de ontem. 
Nas escolas finlandesas, além da formação-padrão, há duas peculiaridades no processo educativo:
  1. Apoio acadêmico aos alunos retardatários — o que em muitos países seria o papel de um professor particular. Na Finlândia os professores particulares são muito raros, uma vez que que os professores titulares nas escolas já ajudam seus alunos voluntariamente, durante ou depois das aulas.
  2. Educação 'corretiva' — Está relacionada aos problemas de compreensão do material didático escrito na língua suomi, que é falada em grande parte das escolas da Finlândia. Também serve para atender problemas de memória, dificuldades com matemática ou o comportamento antissocial de alguns alunos. A educação 'corretiva' é conduzida em grupos pequenos ou individualmente.

4. Educação Prática

Os finlandeses dizem: "É possível prepará-los ou para as provas ou para a vida. Escolhemos a segunda opção". É por isso que não se dá provas nas escolas da Finlândia, apesar de que, se o professor quiser, ele pode fazer exames de controle. Só existe uma prova obrigatória, no fim do período médio, mas ela pouco influi na avaliação feita pelos professores, nem afeta a nota final dos alunos. E o mais interessante é que os alunos não são preparados para essa prova; eles a farão usando tudo o que aprenderam até então. Nada de passar um mês antes da prova estudando em desespero! 
Na escola só se ensina o que pode vir a ser útil na vida. Saber como funciona a caldeira da metalúrgica não tem utilidade. Agora, os alunos finlandeses desde criança sabem o que é um portfólio, um contrato, um talão de cheques, sabem calcular a porcentagem do imposto sobre heranças ou a renda pessoal, como criar um site, como calcular descontos em produtos, desenhar a Rosa dos Ventos e localizar o lugar onde vivem etc...

5. Confiança

Primeiro, não se supervisiona o trabalho de funcionários e professores, nem lhes é dito como devem trabalhar ou como e o que devem ensinar. Existe um sistema centralizado de educação no país, mas ele só propõe um alinhamento básico e recomendações superficiais. Assim, cada pedagogo aplica a seus alunos o método de ensino que lhe parecer melhor. 

Segundo, a confiança nos alunos: durante as aulas é permitido fazer qualquer coisa. Se, por exemplo, durante a aula de literatura apresentam um vídeo educativo, e um aluno não estiver interessado, ele pode ir ler um livro se quiser. Há a percepção de que é a própria pessoa quem deve escolher o que é importante para sua vida.
6. Voluntarismo
Estuda quem quiser estudar. Os professores tentarão atrair a atenção dos alunos, mas, se algum não quiser prestar atenção, não tiver interesse ou não for capaz de entender a aula, será orientado depois a que busque por uma profissão prática, porém útil. Um trabalho fácil. A ideia é não ficar recheando o boletim do aluno com zeros e pontos negativos. Claro... saber construir aviões e usinas nucleares não é para todos... alguém vai ter de ser um bom motorista de ônibus!
Tendo isso em mente, os finlandeses dão valor também à escola secundária e técnica: deve-se saber se vale mesmo a pena um aluno continuar o estudo acadêmico num liceu ou se ele deve continuar os estudos na secundária, e é aí que se recorre às escolas técnicas. Na Finlândia ambas as opções são honoráveis. 
As aptidões de cada aluno são avaliadas por meio de exames e de consultas com orientadores vocacionais nas escolas. 
À primeira vista, o sistema educacional finlandês parece suave e delicado, mas isso não quer dizer que não seja sério. Por exemplo, existe um rígido controle do horário de aulas, todas as faltas devem ser 'repostas'. Se um aluno da 6ª série faltar à aula, seu professor tentará encaixá-lo em algum outro horário de outra turma da 6ª série, para que este reponha a aula... como se lhe dissessem: "Sente aí e repense sua vida". E se esse aluno começar a perturbar os colegas na aula de reposição, o tempo que passou ali deixará  de ser contado; se ele não quiser fazer os exercícios na aula de reposição, ninguém vai chamar os pais, nem ameaçá-lo, repreendê-lo, gritar com ele... nada disso. Já que os pais desse aluno são descuidados com a educação doméstica de seu filho ou filha, o que vai acontecer é uma reprovação no fim do ano. Simples!

E repetir de ano na Finlândia não é nenhuma vergonha, especialmente depois da 9ª série, pois é necessária uma preparação séria para a vida adulta e por isso mesmo é que as escolas lá têm a 10ª série — que, como dissemos no início, é opcional. 

7. Independência

Os finlandeses acreditam que a escola deve ensinar ao aluno algo muito importante: ter uma vida independente no futuro! Por isso se ensina a pensar e a adquirir conhecimento por conta própria. Os professores não precisam anunciar os temas de estudo já que tudo está escrito nos livros didáticos. Não é importante decorar fórmulas, mas sim saber procurar nas bibliografias, na Internet, usar a calculadora, ou seja, deixar à disposição dos alunos os recursos necessários para que aprendam a solucionar seus próprios problemas. 
E outra coisa... os pedagogos nas escolas não interferem nos conflitos entre alunos, dando-lhes assim a oportunidade de prepararem para as diferentes situações da vida e de desenvolverem sua capacidade de se defenderem corretamente.
O sistema educacional finlandês nas escolas 'iguais'
é organizado de formas 'diferentes'. 
 

Quando estudar, e quanto?

O ano letivo na Finlândia começa entre 8 e 16 de agosto — não há um dia específico para todas as escolas — e termina em meados de maio. Na metade do ano letivo, há 3 ou 4 dias de férias e duas semanas de descanso por causa do Natal. No semestre da primavera há outras duas semanas para as 'férias de esqui', pois as famílias finlandesas costumam sair para esquiar. Por fim, as férias da Páscoa. 

Se estuda 5 dias por semana em uma jornada única, diurna, e sexta-feira é meio período.

O que se aprende?

  • 1ª e 2ª séries:
Se aprende a ler e escrever no idioma nacional (suomi), Matemática, Ciências Naturais, Religião (segundo a crença de cada um) ou Filosofia de Vida (para quem não estiver interessado em religião), Música, Artes, Trabalho e Educação Física. Durante uma aula é possível estudar diferentes matérias ao mesmo tempo.
 
  • da 3ª à 6ª série:
Começam as aulas de Inglês; na 4ª série se adiciona algum idioma estrangeiro de livre escolha (francês, sueco, alemão ou russo). Existem outras matérias opcionais que cada escola terá em particular:  informática, carpintaria, canto coral etc. Em quase todas as escolas há aulas de música, nas quais, ao longo dos 9 anos de educação regular obrigatória, os alunos experimentarão uma grande variedade de instrumentos musicais, desde a flauta até o contrabaixo.
Na 5ª série começa Biologia, Geografia, Física, Química e História. Da 1ª à 6ª série é apenas um professor que dá aula. As aulas de Educação Física consistem em quaisquer jogos que envolvam esforço físico, de 1 a 3 vezes por semana; depois delas, é obrigatório tomar banho. As aulas de Literatura não são como imaginamos, mas há um período dedicado à leitura; somente na 7ª série é que um professor se encarregará especificamente desse período. 

  • da 7ª à 9ª série:
Se estuda Suomi e Literatura (leitura e сultura nacional), Sueco, Inglês, matemática, Biologia, Geografia, Física, Química, Primeiros Socorros, Religião (ou Filosofia de Vida), Música, Artes, Educação Física, matérias de livre escolha e Trabalho — que não é discriminado em 'para homens' e 'para mulheres': todos aprenderão juntos a fazer sopa e a cortar madeira com serrote. Na 9ª série haverá duas semanas de 'Contato com a Vida Profissional' nas quais os alunos serão mandados a ambientes adultos de trabalho.
 

Quem precisa de notas?

No país se adotou o sistema de notas de 0 a 10, porém, até a 7ª série se usa ainda o sistema de letras: Regular, Aceitável, Bom e Excelente. Da 1ª à 3ª série não há  qualificação ou nota. 
Todas as escolas fazem parte da rede eletrônica "Wilma", que funciona como um diário escolar online que os pais dos alunos podem acessar com suas senhas pessoais. Os professores escrevem nesse diário as notas (caso haja), anotam as faltas e informam o comportamento do aluno na escola. O psicólogo da escola, o assistente social, o orientador vocacional e até a enfermeira podem aí postar mensagens aos pais sobre seu filho.
Na Finlândia as notas não têm todo esse peso terrível. Elas são usadas apenas para que o aluno as veja e entenda o seu desempenho, e se motive a melhorá-lo se assim desejar. Notas não afetam de modo algum sua reputação, a reputação do professor, nem da escola. Nada disso. 

Detalhes da vida escolar

  • O terreno das escolas não é fechado, não há seguranças na entrada e a maioria delas tem um sistema automático de tranca das portas de entrada, de maneira que só se possa entrar no edifício no horário especificado.
  • Os alunos não são obrigados a sentar-se nas carteiras. Se quiserem, podem recostar-se num tapetinho no piso. Em algumas escolas as salas de aula têm sofás ou divãs. Nas salas de aula das séries primárias se usam almofadas.
  • Não se usa uniforme, nem há nenhuma obrigatoriedade sobre o modo de se vestir. O aluno pode até ir à escola de pijama, se quiser. O que se exige é que se leve para a escola um par extra de calçados, mas a maioria dos alunos mais novos só anda de meias. 
  • Quando o clima é favorável (considerando o frio que faz por lá) as aulas são dadas ao ar livre, dentro do terreno da escola ou nos bosques, ou em bancos dispostos como 'anfiteatro' no pátio. Na hora do recreio, os alunos mais novos são levados para fora por pelo menos 10 minutos. 
  • Dever de casa é coisa rara! Os alunos precisam descansar. Para evitar que os pais façam o dever de casa junto com os filhos, os professores recomendam que, ao invés disso, a família vá junta ao museu, ao bosque, à piscina etc. 
  • Os alunos não são chamados a se levantar e ir à frente para recitar o que aprenderam. O professor simplesmente lhes dá o tema da aula e em seguida vai de aluno em aluno observando seu desempenho, a ver como fazem os exercícios, e ele é auxiliado por um professor adjunto.
  • É permitido escrever com lápis no caderno e apagar quantas vezes for necessário. O professor também pode fazer correções e anotações em seus cadernos, também com lápis.