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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O que é Carência Cultural?

A teoria da carência cultural (Cultural Deficit Model) surgiu e desenvolveu-se nos Estados Unidos, durante a década de sessenta. Em seguida, expandiu-se para os países da Europa e da America Latina, sendo assim, o Brasil.
Quanto ao fracasso escolar, “constatou-se” que estava diretamente ligado a privação cultural do qual sofria o educando.
No Brasil, a teoria da carência cultural se propagou na década de setenta.
Os estudos e pesquisas voltam-se, então, para a explicação de que os fatores sócio-culturais seriam fortes influencias nas características físicas, perceptivo-motoras, cognitivas e emocionais de cada individuo, segundo Patto 1990.
Essa teoria também procura encontrar soluções para remediar os “males educacionais” . O enfoque de tais programas era centrado na recuperação do ambiente não favorecido á criança na primeira infância. Daí o ensino infantil ser o alvo principal da educação compensatória. No entanto, as taxas de repetência e evasão continuavam efetivas dentro do quadro do ensino brasileiro, chegando a 56% na passagem da 1ª para a 2ª serie em 1977, segundo os dados do MEC.
A partir dessa realidade, nota-se que os programas de educação compensatória não estavam por dar conta do fracasso escolar, mas agravavam mais a situação do escolar.
Portanto, a teoria da Carência Cultural, apesar de ter enfatizado as causas do fracasso escolar provindas do educando, acabou por negar-se a si mesma. Uma vez que suas experiências depararam-se com resultados insuficientes.
A teoria tem sido criticada por pressupor um certo determinismo, ou seja, os alunos (geralmente de classe baixa e etnia historicamente oprimida, como negros e indígenas) com menor acesso à educação de qualidade e laços familiares-comunitários favoráveis estariam, segundo a lógica da teoria, praticamente fadados a um futuro sem esperanças. Além disso, a teoria pressupõe que os alunos obtêm maus resultados na escola por falta de informações, quando na realidade há problemas mais complexos envolvidos. Por exemplo, as culturas negras e indígenas oferecem importantes conhecimentos, mas estes são desvalorizados no sistema educacional e no mercado de trabalho.
Como alternativa, desenvolveu-se nos Estados Unidos a Teoria da Riqueza Cultural (Cultural Wealth Model), que respeita diversos tipos de conhecimento e estimula a resistência às situações estruturais desfavoráveis.

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