O
autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela
ciência há quase seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do
próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder.
Atualmente, embora o autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema
de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de
características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a
criança autista ter uma aparência totalmente normal.
Esta
patologia se diferencia do retardo mental porque, enquanto no primeiro a
criança apresenta um desenvolvimento
uniformemente defasado, no autismo o perfil de desenvolvimento é
irregular e pode ser desafiadoramente irregular, deixando os pais, e muitas
vezes também alguns profissionais, perplexos.
Dentro
do contexto familiar, o autismo intriga e angustia as famílias nas quais se
impõe, pois a pessoa portadora de autismo, geralmente, tem uma aparência
harmoniosa e ao mesmo tempo um perfil irregular de desenvolvimento, com bom
funcionamento em algumas áreas enquanto outras se encontram bastante
comprometidas.
Uma
família que recebe um diagnóstico médico de autismo passa saber que aquele
quadro ambíguo, aquele "algo errado" que percebia junto a tantas
integridades em seu filho ou filha, é um sério comprometimento individual. Algumas
famílias se agarram à fé, outras à ciência, outras tentam fugir da realidade a
qualquer custo, e a maioria passa por todas essas formas de enfrentamento da
situação.
A
experiência da Associação de Amigos do Autista (AMA), que é uma
experiência de pais e de educadores de autistas, constatou a importância de
três caminhos a serem conscientemente buscados pelas famílias que se deparam
com a questão do autismo. São eles:
- CONHECER
a questão do autismo;
- ADMITIR
a questão do autismo;
- BUSCAR
APOIO de um grupo de pessoas que também estejam envolvidas com a mesma questão
e que procuram conviver com ela da melhor maneira possível.
O autismo
é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características
fundamentais:
- inabilidade
para interagir socialmente;
- dificuldade
no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos;
- padrão
de comportamento restritivo e repetitivo.
O
grau de comprometimento é de intensidade variável, vai desde quadros mais
leves, como a síndrome de Asperger (na qual não há comprometimento da fala e da
inteligência), até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter
qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e
retardo mental. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas
para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos.
Os
sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são
identificados precocemente. O mais comum são os sinais ficarem evidentes antes
de a criança completar três anos. De acordo com o quadro clínico, eles podem
ser divididos em 3 grupos:
1)
ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a
falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência
mental;
2) o
portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas
nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de
comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento
da compreensão;
3)
domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de
interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
Na
adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as
pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que
favoreceram sua adaptação e auto-suficiência.
O
diagnóstico é essencialmente clínico e leva em conta o comprometimento e o
histórico do paciente e norteia-se pelos critérios estabelecidos por DSM–IV
(Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de
Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).
Até
o momento, autismo é um distúrbio crônico, mas que conta com esquemas de
tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e
aplicados por equipe multidisciplinar. Não existe tratamento padrão que possa
ser utilizado, cada paciente exige acompanhamento individual, de acordo com
suas necessidades e deficiências. Alguns podem beneficiar-se com o uso de
medicamentos, especialmente quando existem co-morbidades associadas.
Ter
em casa uma pessoa com formas graves de autismo, pode representar um fator de
desequilíbrio para toda a família, por isso, todos os envolvidos precisam de
atendimento e orientação especializados. É fundamental descobrir um meio ou
técnica, não importam quais, que possibilitem estabelecer algum tipo de
comunicação com o autista. Autistas têm dificuldade de lidar com mudanças, por
menores que sejam; por isso é importante manter o seu mundo organizado e dentro
da rotina;
Apesar
de a tendência atual ser a inclusão de alunos com deficiência em escolas
regulares, as limitações que o distúrbio provoca devem ser respeitadas. Há
casos em que o melhor é procurar uma instituição que ofereça atendimento mais
individualizado. Autistas de bom rendimento podem apresentar desempenho em
determinadas áreas do conhecimento com características de genialidade.
No
que tange ao trabalho na escola, deve-se levar em conta que muitos autistas são
pensadores visuais, não pensam através da linguagem. Geralmente, substantivos
são as palavras mais fáceis de aprender, pois em sua mente ele pode relacionar
a palavra a uma figura
Para
ensinar substantivos, a criança precisa escutar a palavra, ver a figura e a
palavra escrita simultaneamente. O mesmo deve acontecer quando for ensinar um
verbo, exemplo: segure um cartão que diz “pular” e você fala “pular” enquanto
executa o ato de pular
Crianças
não-verbais terão mais facilidade em associar palavras às figuras se
visualizarem a palavra escrita e a figura em um cartão. Alguns não entendem
desenhos e, por isto, é recomendável trabalhar-se primeiramente com objetos
reais e fotos. Alguns conceitos
tornam-se difíceis de serem apreendidos pela criança autista se não for
demonstrado de forma concreta.
Ao
ensinar o conceito de para cima / para baixo, utiliza-se um avião de brinquedo
e diz “para cima” enquanto faz o movimento de decolagem e “para baixo”,
enquanto faz o movimento de aterrissagem, dessa forma, a criança autista terá
maior facilidade para compreender tais conceitos.
Muitas
crianças autistas são boas em desenho, artes e na utilização de computadores,
outras também apresentam fixação num assunto específico. A melhor maneira de lidar com esta fixação é
usá-la para motivar os trabalhos da escola. Se a criança gosta de trens, leia
um livro sobre trens e faça exercícios incluindo o universo dos trens neles.
Muitas
vezes, crianças mais velhas e não-verbais, conseguem aprender melhor através do
toque nos objetos. Pode ser ensinado o significado das letras, permitindo que
as crianças toquem letras de plástico. Elas podem aprender a rotina diária,
sentindo alguns objetos, minutos antes da atividade ser executada. Por exemplo:
quinze minutos antes do almoço, dê uma colher para que segurem.
Alguns
autistas apresentam processamento visual deficiente e acham mais fácil ler
letras impressas na cor preta sobre papel colorido, para diminuir o contraste.
Pode-se utilizar papel bege claro, azul claro, cinza ou verde claro. É
importante evitar amarelo brilhante, pois pode incomodar os olhos dos autistas.
Os
jogos, por seu caráter coletivo, permitem que alunos com autismo troquem
informações, façam perguntas e explicitem suas idéias e estratégias avançando
em seu processo de aprendizagem e socialização.
Uma
característica do aluno autista é a necessidade de ter segurança em sua rotina
diária. Para auxiliar nessa necessidade, pode-se montar a rotina semanal
utilizando fichas / cartazes organizando a rotina diária/semanal do aluno autista.
Referências
NILSSON,
Inger. Introdução a educação especial
para pessoas com transtornos de espectro autístico e dificuldades semelhantes
de aprendizagem. Em PDF.Congresso Nacional sobre a Síndrome de Autismo
2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário