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sábado, 29 de julho de 2017

Um breve estudo sobre AUTISMO

O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder. Atualmente, embora o autismo seja bem mais conhecido, tendo inclusive sido tema de vários filmes de sucesso, ele ainda surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança autista ter uma aparência totalmente normal.

Esta patologia se diferencia do retardo mental porque, enquanto no primeiro a criança apresenta um desenvolvimento  uniformemente defasado, no autismo o perfil de desenvolvimento é irregular e pode ser desafiadoramente irregular, deixando os pais, e muitas vezes também alguns profissionais, perplexos.

Dentro do contexto familiar, o autismo intriga e angustia as famílias nas quais se impõe, pois a pessoa portadora de autismo, geralmente, tem uma aparência harmoniosa e ao mesmo tempo um perfil irregular de desenvolvimento, com bom funcionamento em algumas áreas enquanto outras se encontram bastante comprometidas.

Uma família que recebe um diagnóstico médico de autismo passa saber que aquele quadro ambíguo, aquele "algo errado" que percebia junto a tantas integridades em seu filho ou filha, é um sério comprometimento individual. Algumas famílias se agarram à fé, outras à ciência, outras tentam fugir da realidade a qualquer custo, e a maioria passa por todas essas formas de enfrentamento da situação.

A experiência da Associação de Amigos do Autista (AMA), que é uma experiência de pais e de educadores de autistas, constatou a importância de três caminhos a serem conscientemente buscados pelas famílias que se deparam com a questão do autismo. São eles:
- CONHECER a questão do autismo;
- ADMITIR a questão do autismo;
- BUSCAR APOIO de um grupo de pessoas que também estejam envolvidas com a mesma questão e que procuram conviver com ela da melhor maneira possível.

O autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais:
- inabilidade para interagir socialmente;
- dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos;
- padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

O grau de comprometimento é de intensidade variável, vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger (na qual não há comprometimento da fala e da inteligência), até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e retardo mental. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos.

Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente. O mais comum são os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos. De acordo com o quadro clínico, eles podem ser divididos em 3 grupos:
1) ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.

Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favoreceram sua adaptação e auto-suficiência.

O diagnóstico é essencialmente clínico e leva em conta o comprometimento e o histórico do paciente e norteia-se pelos critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).

Até o momento, autismo é um distúrbio crônico, mas que conta com esquemas de tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe multidisciplinar. Não existe tratamento padrão que possa ser utilizado, cada paciente exige acompanhamento individual, de acordo com suas necessidades e deficiências. Alguns podem beneficiar-se com o uso de medicamentos, especialmente quando existem co-morbidades associadas.

Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo, pode representar um fator de desequilíbrio para toda a família, por isso, todos os envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados. É fundamental descobrir um meio ou técnica, não importam quais, que possibilitem estabelecer algum tipo de comunicação com o autista. Autistas têm dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam; por isso é importante manter o seu mundo organizado e dentro da rotina;

Apesar de a tendência atual ser a inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares, as limitações que o distúrbio provoca devem ser respeitadas. Há casos em que o melhor é procurar uma instituição que ofereça atendimento mais individualizado. Autistas de bom rendimento podem apresentar desempenho em determinadas áreas do conhecimento com características de genialidade.

No que tange ao trabalho na escola, deve-se levar em conta que muitos autistas são pensadores visuais, não pensam através da linguagem. Geralmente, substantivos são as palavras mais fáceis de aprender, pois em sua mente ele pode relacionar a palavra a uma figura

Para ensinar substantivos, a criança precisa escutar a palavra, ver a figura e a palavra escrita simultaneamente. O mesmo deve acontecer quando for ensinar um verbo, exemplo: segure um cartão que diz “pular” e você fala “pular” enquanto executa o ato de pular

Crianças não-verbais terão mais facilidade em associar palavras às figuras se visualizarem a palavra escrita e a figura em um cartão. Alguns não entendem desenhos e, por isto, é recomendável trabalhar-se primeiramente com objetos reais e fotos.  Alguns conceitos tornam-se difíceis de serem apreendidos pela criança autista se não for demonstrado de forma concreta.

Ao ensinar o conceito de para cima / para baixo, utiliza-se um avião de brinquedo e diz “para cima” enquanto faz o movimento de decolagem e “para baixo”, enquanto faz o movimento de aterrissagem, dessa forma, a criança autista terá maior facilidade para compreender tais conceitos.

Muitas crianças autistas são boas em desenho, artes e na utilização de computadores, outras também apresentam fixação num assunto específico.  A melhor maneira de lidar com esta fixação é usá-la para motivar os trabalhos da escola. Se a criança gosta de trens, leia um livro sobre trens e faça exercícios incluindo o universo dos trens neles.

Muitas vezes, crianças mais velhas e não-verbais, conseguem aprender melhor através do toque nos objetos. Pode ser ensinado o significado das letras, permitindo que as crianças toquem letras de plástico. Elas podem aprender a rotina diária, sentindo alguns objetos, minutos antes da atividade ser executada. Por exemplo: quinze minutos antes do almoço, dê uma colher para que segurem.

Alguns autistas apresentam processamento visual deficiente e acham mais fácil ler letras impressas na cor preta sobre papel colorido, para diminuir o contraste. Pode-se utilizar papel bege claro, azul claro, cinza ou verde claro. É importante evitar amarelo brilhante, pois pode incomodar os olhos dos autistas.

Os jogos, por seu caráter coletivo, permitem que alunos com autismo troquem informações, façam perguntas e explicitem suas idéias e estratégias avançando em seu processo de aprendizagem e socialização.

Uma característica do aluno autista é a necessidade de ter segurança em sua rotina diária. Para auxiliar nessa necessidade, pode-se montar a rotina semanal utilizando fichas / cartazes organizando a rotina diária/semanal do aluno autista.


Referências

MELLO, Ana Maria S. Ros. Autismo: guia prático. 2ª ed. São Paulo, Corde,2001.


NILSSON, Inger. Introdução a educação especial para pessoas com transtornos de espectro autístico e dificuldades semelhantes de aprendizagem. Em PDF.Congresso Nacional sobre a Síndrome de Autismo 2004.

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