GATTI, Bernadete. Implicações e perspectivas da pesquisa educacional no Brasil
Contemporâneo. Cad. Pesquisa São Paulo, n. 113, jul. 2001. Disponível em:
< http://www.scielo.br/pdf/cp/n113/a04n113.pdf >
Gatti (2001), em seu texto, discute sobre o impacto
social das pesquisas educacionais, investigando o possível aproveitamento dos
conhecimentos vindos de pesquisas em educação nas ações de educadores e em
políticas educacionais, questionando-se se a consistência metodológica exerce o
algum papel relevante na pesquisa.
O autor inicia sua pesquisa analisando o final
dos anos 30, quando foi criado Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais,
onde começaram a desenvolver estudos mais precisos sobre a educação no Brasil.
Algum tempo depois, com o INEP, a construção do pensamento educacional
brasileiro, mediante pesquisa sistemática, encontrou um espaço específico de
produção, formação e estímulos.
O artigo busca analisar as pesquisas de caráter
econômico, com trabalhos sobre a educação como investimento, demanda
profissional, formação de recursos humanos técnicas programada de ensino. A
expansão intensa do ensino superior e da pós-graduação sendo necessária e
inevitável. Surgem grupos de investigação em alfabetização e linguagem, aprendizagem
escolar, formação de professores, ensino e currículos, educação infantil,
fundamental e média, educação de jovens e adultos, ensino superior, gestão
escolar, avaliação educacional, história da educação, políticas educacionais, trabalho
e educação.
Mediante críticas relativas às questões de
teoria e método, tendo dificuldades na pesquisa até os dias atuais, se
revelando desigual quanto a sua
elaboração teórica e quanto à utilização de certos procedimentos de coleta de
dados e de análise, a autora verifica nas universidades, onde a pesquisa
educacional se desenvolveu, que em poucos programas de mestrado e doutorado
começavam a formar tradição, enfrentando condições ainda não favoráveis. As
universidades brasileiras não aliavam pesquisa de ensino, focavam no ensino para
dar um diploma profissionalizante e não para incorporar o conhecimento como
parte de sua função. Apenas na década de 80 e 90 houve redefinições das
exigências para as carreiras docentes universitárias, trazendo mudanças
importantes no âmbito institucional.
A autora conclui o artigo apontando os fatores
que proporcionaram a falta de participação das instituições de ensino
superior nos projetos de desenvolvimento e a pouca utilização das pesquisas
educacionais. Os pesquisadores levantaram problemas para esta colaboração, tais
como: administradores escolares que não recorrem a pesquisas para o
desenvolvimento de seus projetos, projetos de pesquisa excessivamente
individualizados, com descontinuidade na produção e problemas de comunicação e
difusão.
Enquanto a pesquisa questiona e tenta
compreender cada vez melhor as questões educacionais, os administradores, técnicos
e professores estão atuando a partir dos conceitos e informações que lhe foram
disponibilizados em outra oportunidade. Para a autora, é como se houvesse uma sensibilidade
social ao que é mais rigoroso, ao menos frágil metodologicamente que não se
pode demolir facilmente pelas lacunas nas coletas de dados, e que, também, não
se pode contra-argumentar com facilidade.
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