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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Resumo do livro: “Um amor conquistado: o mito do amor materno”

Autora: Elisabeth Badinter

Capítulo um: “O longo reinado da autoridade paterna e marital”

A autora relaciona o poder paterno à autoridade marital. O pai, tido como chefe absoluto, tem a responsabilidade de manter a boa conduta da esposa e filhos e cabe a ele julgar e punir os mesmos de acordo com seus atos.  Homem obteve total poder sobre a família por toda a antiguidade. A esposa era tratada, pelo marido, praticamente como os filhos.
Quando Cristo exerceu seu ministério, ensinou que a esposa era companheira do homem, não sua escrava. Deixou claro que o casamento era uma instituição divina e que o marido não deveria exercer seu total poder dentro do lar. Ambos os cônjuges possuíam os mesmos deveres e direitos para com os filhos. Esses ensinamentos praticamente permaneceram na teoria. Todavia, a palavra de Cristo acerca do casamento, fez com que a mulher pudesse desfrutar de alguns direitos.
No século XIII ainda é permitido ao pai matar o filho, porém a mãe ganha o direito de comedir as atitudes do pai. Já no século XIV a mulher perde todos os seus direitos. E graças à influência do direito romano, o pai volta a reinar absoluto na família.
Apesar dos direitos adquiridos pelas mulheres, estes se restringiam àquelas pertencentes às classes superiores. No século XVII, a sociedade vivia o princípio da autoridade, ignorando por completo as palavras de Jesus. Os princípios e os fatos eram justificados com base em três discursos: o de Aristóteles, o da teologia e dos políticos.


Capítulo dois: “A condição da criança antes de 1760”

Explica quando começou a mudar as mentalidades e condutas dos adultos para com as crianças, que se iniciou a partir de 1760. Philippe Ariès apontou vários aspectos da mudança de tratamento, apesar de não estar totalmente satisfeito como o modo em que os filhos eram tratados. Foi entre 1760 e 1770 que a criança passou a ser tratada com ternura pelos pais. Todavia, antes desta data, a criança não tinha importância na família, era insignificante, vivia amedrontada.
No século XVII, os teólogos e filósofos tinham medo da infância. A teoria de Santo Agostinho reforçou a “imagem dramática da infância”. Ele defendia que a criança não devia fazer o que queria, pois os pais perderiam o controle sobre a mesma. Era defendida a ideia de que a criança era corrompida, desprovida de inocência, porque foi gerada no pecado. Isso levava a criança a ser acusada de pecadora “e condenada segundo as normas dos adultos”, pois seus pecados não se diferiam dos de seu pai.
Assim como falou sobre o casamento, Cristo também deixou claro que as crianças são inocentes, ao proferir: “Deixai vir a mim as criancinhas”. Porém, Santo Agostinho não aceitou essas palavras, negando a inocência infantil e afirmando que para se obter uma boa conduta da criança, seria necessário o uso de varas e palmatórias. A rigidez, embasada na teoria agostiniana, prevaleceu nas famílias por um longo tempo, até o século XVII.
Os pedagogos, que ao meu ver deveriam ser aqueles a trazer o equilíbrio para a família, reforçavam que os pais deviam tratar os filhos com frieza. Os filhos precisavam ser severamente castigados a fim de se evitar que seguissem por maus caminhos.
Carinho é tido como “frouxidão e pecado”. A ternura só servia para estragar a criança. Ele repudiava a amamentação, pois a mãe poderia usufruir de “um prazer ilícito”, o “que causaria a perda moral da criança”. No entanto, três séculos depois, a psicanálise defende a amamentação, alegando que este momento seria importante para “o bom equilíbrio psíquico e moral da criança.

Capítulo três: A indiferença materna

            A mãe busca não se apegar à criança durante a gestação para não sofrer depois, caso esta viesse a óbito. A mãe era tão indiferente ao filho que muitas vezes não comparecia nem ao enterro do mesmo, assim como o pai.
            O filho primogênito tinha um tratamento diferenciado dos irmãos, obtendo, inclusive, o direito de receber a herança, no caso da família ser rica.
            As tarefas maternas eram tidas como normais ou até mesmo vulgares, o que servia como um fator para que as mães não se preocupassem em exercer seus deveres para com os filhos.
            O homem e a sociedade nada puderam fazer quando a mulher resolveu buscar a independência e autonomia.
            Foram as francesas as pioneiras no costume de delegar a tarefa de cuidar dos filhos às amas.
            A autora aponta três atos do abandono dos filhos. O primeiro ocorre logo após o nascimento, quando a mãe entrega o filho aos cuidados de uma ama. O segundo ato de abandono é quando a criança volta da casa da ama, aos quatro anos de idade, e fica aos cuidados de uma governanta até os sete anos e, no caso do menino, passa para os cuidados de um preceptor. Por volta de oito, dez anos, acontece o terceiro ato de abandono. A criança, a fim de receber uma boa educação, é enviada para um internato.
            A mortalidade infantil se dava, em muitos casos, pela má alimentação quando estava sob os cuidados da ama. Segundo Elisabeth, a morte da criança era algo banal, sem importância.

            Só no fim do século XVIII é que a mãe passou a ser cobrada para exercer seus deveres maternos.

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