Autora:
Elisabeth Badinter
Capítulo
um: “O longo reinado da autoridade paterna e marital”
A autora relaciona o
poder paterno à autoridade marital. O pai, tido como chefe absoluto, tem a
responsabilidade de manter a boa conduta da esposa e filhos e cabe a ele julgar
e punir os mesmos de acordo com seus atos.
Homem obteve total poder sobre a família por toda a antiguidade. A
esposa era tratada, pelo marido, praticamente como os filhos.
Quando Cristo exerceu
seu ministério, ensinou que a esposa era companheira do homem, não sua escrava.
Deixou claro que o casamento era uma instituição divina e que o marido não
deveria exercer seu total poder dentro do lar. Ambos os cônjuges possuíam os mesmos
deveres e direitos para com os filhos. Esses ensinamentos praticamente
permaneceram na teoria. Todavia, a palavra de Cristo acerca do casamento, fez
com que a mulher pudesse desfrutar de alguns direitos.
No século XIII ainda
é permitido ao pai matar o filho, porém a mãe ganha o direito de comedir as
atitudes do pai. Já no século XIV a mulher perde todos os seus direitos. E
graças à influência do direito romano, o pai volta a reinar absoluto na
família.
Apesar dos direitos
adquiridos pelas mulheres, estes se restringiam àquelas pertencentes às classes
superiores. No século XVII, a sociedade vivia o princípio da autoridade,
ignorando por completo as palavras de Jesus. Os princípios e os fatos eram
justificados com base em três discursos: o de Aristóteles, o da teologia e dos
políticos.
Capítulo dois:
“A condição da criança antes de 1760”
Explica quando
começou a mudar as mentalidades e condutas dos adultos para com as crianças,
que se iniciou a partir de 1760. Philippe Ariès apontou vários aspectos da mudança
de tratamento, apesar de não estar totalmente satisfeito como o modo em que os
filhos eram tratados. Foi entre 1760 e 1770 que a criança passou a ser tratada
com ternura pelos pais. Todavia, antes desta data, a criança não tinha
importância na família, era insignificante, vivia amedrontada.
No século XVII, os
teólogos e filósofos tinham medo da infância. A teoria de Santo Agostinho
reforçou a “imagem dramática da infância”. Ele defendia que a criança não devia
fazer o que queria, pois os pais perderiam o controle sobre a mesma. Era
defendida a ideia de que a criança era corrompida, desprovida de inocência,
porque foi gerada no pecado. Isso levava a criança a ser acusada de pecadora “e
condenada segundo as normas dos adultos”, pois seus pecados não se diferiam dos
de seu pai.
Assim como falou
sobre o casamento, Cristo também deixou claro que as crianças são inocentes, ao
proferir: “Deixai vir a mim as criancinhas”. Porém, Santo Agostinho não aceitou
essas palavras, negando a inocência infantil e afirmando que para se obter uma
boa conduta da criança, seria necessário o uso de varas e palmatórias. A
rigidez, embasada na teoria agostiniana, prevaleceu nas famílias por um longo
tempo, até o século XVII.
Os pedagogos, que ao
meu ver deveriam ser aqueles a trazer o equilíbrio para a família, reforçavam
que os pais deviam tratar os filhos com frieza. Os filhos precisavam ser
severamente castigados a fim de se evitar que seguissem por maus caminhos.
Carinho é tido como “frouxidão e
pecado”. A ternura só servia para estragar a criança. Ele repudiava a
amamentação, pois a mãe poderia usufruir de “um prazer ilícito”, o “que
causaria a perda moral da criança”. No entanto, três séculos depois, a
psicanálise defende a amamentação, alegando que este momento seria importante
para “o bom equilíbrio psíquico e moral da criança.
Capítulo três: A
indiferença materna
A
mãe busca não se apegar à criança durante a gestação para não sofrer depois,
caso esta viesse a óbito. A mãe era tão indiferente ao filho que muitas vezes não
comparecia nem ao enterro do mesmo, assim como o pai.
O
filho primogênito tinha um tratamento diferenciado dos irmãos, obtendo,
inclusive, o direito de receber a herança, no caso da família ser rica.
As
tarefas maternas eram tidas como normais ou até mesmo vulgares, o que servia
como um fator para que as mães não se preocupassem em exercer seus deveres para
com os filhos.
O
homem e a sociedade nada puderam fazer quando a mulher resolveu buscar a
independência e autonomia.
Foram
as francesas as pioneiras no costume de delegar a tarefa de cuidar dos filhos
às amas.
A
autora aponta três atos do abandono dos filhos. O primeiro ocorre logo após o
nascimento, quando a mãe entrega o filho aos cuidados de uma ama. O segundo ato
de abandono é quando a criança volta da casa da ama, aos quatro anos de idade,
e fica aos cuidados de uma governanta até os sete anos e, no caso do menino,
passa para os cuidados de um preceptor. Por volta de oito, dez anos, acontece o
terceiro ato de abandono. A criança, a fim de receber uma boa educação, é
enviada para um internato.
A
mortalidade infantil se dava, em muitos casos, pela má alimentação quando
estava sob os cuidados da ama. Segundo Elisabeth, a morte da criança era algo
banal, sem importância.
Só
no fim do século XVIII é que a mãe passou a ser cobrada para exercer seus
deveres maternos.
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