As tecnologias se sucederam ou co-ocorreram na história da humanidade e é preciso ponderar sobre o trato do leitor/usuário com o texto em dado suporte. As possibilidades do impresso e do digital não são as mesmas, mas são parecidas. Há pelo menos duas perspectivas sob as quais pensar a história das tecnologias: como um continuum e como ruptura. Para Laufer e Scavetta, o hipertexto digital seria continuum de outras tecnologias de suporte para leitura/escrita, e não uma ruptura revolucionária.
No entanto, os autores não são felizes na abordagem dos conceitos de texto e hipertexto, além de não explicarem de forma convincente a leitura linear e a não-linear, estando presos a uma oposição inadequada, do ponto de vista da história das práticas e das tecnologias de leitura, qual seja: a do hipertexto como algo vinculado à existência em meio digital.
Defendendo o argumento de que houve aumento de velocidades de busca e de publicação, considera-se que o leitor de hipertextos impressos (enciclopédias, dicionários, notas de rodapé, sumários etc.) não tem tantos problemas ao deparar com hipertextos digitais, que lhe parecerão familiares na forma de navegar, caso o leitor esteja disposto em relação a suas expectativas sobre máquinas e a Internet.
É importante lembrar que as tecnologias digitais de publicação de textos ainda são fundadas sobre a escrita impressa, talvez de forma ainda mais imbricada. O leitor que navega em espaços digitais só pode se mover porque lê, assim como o livro. É pensando assim que se defende a ideia de que a nova interface oferece pouco obstáculo a quem toma conhecimento dela neste instante.
Discute-se, neste texto, que o leitor de hipertextos impressos sentirá familiaridade com a leitura em tela, fazendo diferença apenas aspectos relacionados às características inerentes ao suporte: da gramatura sensível do papel à página iluminada, da posição no sofá ou na cama à leitura rígida diante da tela.
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