Fichamento do conto “A rainha abelha”
Nenhum
conto de fadas faz justiça à riqueza de todas as imagens que incorporam os
processos interiores mais complexos. Mas uma pequena estória conhecida, dos
irmãos Grimm, intitulada “A Rainha Abelha”, pode ilustrar a luta simbólica pela
integração da personalidade contra a desintegração caótica. A abelha é uma
imagem particularmente adequada para os dois aspecto opostos de nossa natureza,
pois criança sabe que a abelha produz o mel mas que também pode picar
dolorosamente. Sabe também que a abelha trabalha duro para realizar suas
tendências positivas, colhendo o pólen com o qual produz o mel.
Na
“Rainha Abelha” os dois filhos mais velhos de um rei partem em busca de
aventura e levam uma vida tão desregrada e dissoluta que nunca mais retornam ao
lar.
Em
resumo, levam uma existência dominada pelo id, sem qualquer consideração para
com as requisições da realidade ou as exigências justificadas e críticas do
superego.
O
terceiro e mais jovem dos filhos, chamado Simplório, parte para encontrá–los, e
com muita persistência o consegue.
Mas
os irmãos zombam de ele achar que, na sua simplicidade, poderá se sair na vida
melhor do que eles, que são supostamente muito mais sabidos. Superficialmente,
os dois irmãos estão certos: à medida que a estória se desenrola, Simplório é
mesmo incapaz de dominar a vida, representada pelas tarefas difíceis que eles
todos são solicitados a executar – com exceção de que ele é capaz de chamar em
sua ajuda seus recursos internos, representados por animais
prestativos.
Viajando
os três irmãos pelo mundo, chegam a um formigueiro. O mais velho deseja
destruí–lo só para gozar o terror das formigas. Simplório não permite e diz:
“Deixe os animais em paz, não vou permitir que você os perturbe”. Em seguida,
chegam a um lago onde os patos estão nadando. Os irmãos mais velho, só
considerando seus anseios e prazeres orais, querem pegar alguns patos e
assá-los. Simplório também o impede. Prosseguem, chegam a um ninho de abelha, e
os irmãos então desejam queimar a árvore que sustenta a colméia para conseguir
o mel. Simplório novamente interfere, insistindo que os animais não devem nem
ser perturbados nem mortos.
Os
três irmãos finalmente chegam a um castelo onde tudo foi transformado em pedra
ou se encontra grisalho que o anãozinho apresenta ao mais velho três tarefas,
que devem ser realizadas no prazo de um dia, para desmanchar o feitiço lançado
contra o castelo e seus habitantes. A primeira tarefa é juntar mil pérolas que
estão espalhadas e escondidas no musgo da floresta. Mas o irmão é advertido de
que se falhar nesta tarefa será transformado em pedra. O filho mais velho tenta
e falha, e a mesma coisa acontece com o segundo irmão.
Quando
chega a vez de Simplório, ele vê que também não está à altura da tarefa. Sentindo-se
derrotado, senta-se e chora. Neste ponto, as cinco mil formigas que ele salvou
vêm em sua ajuda e juntam as pérolas para ele. A segunda tarefa é buscar a
chave dos aposentos da filha do rei dentro de um lago. Desta vem os patos que
Simplório protegeu chegam, mergulham no lago, e entregam – lhe a chave. A
tarefa final é selecionar dentre três princesas adormecidas que parecem todas
iguais a mais jovem e mais meiga. A rainha da colméia que Simplório salvou vem
agora em sua ajuda pousa nos lábios da princesa que Simplório deve escolher.
Com as três tarefas realizadas, o feitiço é rompido eu encantamento tem fim.
Todos os que estavam dormido ou transformado em pedra – incluindo os dois
irmãos de Simplório – retornam a vida. Simplório casa–se com a mais nova das
princesas e, finalmente, herda o reinado.
Os
dois irmãos que não se mostravam suscetíveis às solicitações de integração da
personalidade não conseguiram enfrentar as tarefas da realidade. Insensíveis a
qualquer coisa além dos aguilhões do id, foram transformado em pedras. Como em
muitas estórias de fadas, esta não simboliza a morte; representa a falta de
humanidade verdadeira, uma incapacidade de responder aos valores mais altos, de
modo que a pessoa, estando morta para aquilo de que se trata a vida em seu
melhor sentido, bem podia ser feita de pedra. Simplório (representando o ego),
apesar de sua virtudes óbvias, embora obedeça ao comando de seu superego que
lhe diz ser errando perturbar por capricho ou matar, sozinho também é inferior
às exigências da realidade (simbolizadas pelas três tarefa que tem que
executar),como o foram seus irmãos. Só quando a natureza animal é auxiliada,
reconhecida como importante e harmonizada com o ego e o superego é que empresta
seus poderes à personalidade total. Depois de conseguir desta forma uma
personalidade integrada, podemos realizar o que parecem milagres.
Longe
de sugerir que subjuguemos a natureza animal ou nosso ego ou superego, o conto
de fadas mostra que cada elemento deve receber o que é devido; se Simplório não
seguisse sua bondade interior (leia – as superego) e protegesse os animais,
estas representações do id nunca teriam vindo em sua ajuda. Os três animais,
incidentalmente, representam diferentes elementos: as formigas representam a
terra; os patos, a água o; as abelhas, o ar onde voam. Novamente, só a
cooperação dos três elementos, ou aspectos de nossa natureza, permitem a
realização. Só depois que Simplório conseguiu sua integração completa,
simbolicamente expressa na realização das três tarefas, é que se torna dono de
seu destino, que nos contos de fadas é expresso pelo fato de ele tornar-se rei.
Fichamento
do conto “Simbad,
o marujo e Simbad, o carregador”
Em
muitos contos de fadas, existe uma dualidade visível entre o ID e o Ego, ou
seja, entre o prazer e a realidade. O caso se repete em Simbad, também chamado
de Simbad, o carregador e Simbad, o Marujo. As duas indentidades, na estória,
representam a mesma pessoa, apesar de um conversar literalmente com a outra.
No
inicio do conto, encontramos um carregador chamado de Simbad, que sonha com as
luxurias do dono da mansão aonde trabalha, um homem cujo nome é igual a dele. A
origem da riqueza do patrão é dele e do trabalho do Simbad, é desse homem rico,
mas todas as aventuras terminam com ele voltando para a mansão e contando sua
riqueza.
A
criança identifica-se com o protagonista ao perceber que a estória é dividida
em sete partes, representando o sete dias da semana, e os dois protagonistas,
que representam a realidade (trabalhador) e a fantasia (riqueza). Pode-se dizer
que o conto em si é um grande sonho.
Fichamento do conto “As três plumas”
Na
estória “As três plumas” dos contos Grimm, o número três é similar aos três
manifestações da mente na psicanálise.A chave do conto não está em demonstrar
essa tripartição da mente humana, mas em mostrar como é necessário apreciar o
inconsciente para obter seus poderes. Igualmente, a tradução desse contexto na
estória se manifesta quando o herói é visto como um tolo e que mesmo assim,
acaba por vencer dos seus dois irmãos “espertos” e superficiais.
O
irmão mais novo, o simplório, é reprimido por estar próximo a base natural da
vida humana e sua vitória exprime que uma mentalidade que se afasta do natural
não é benéfico. No conto “Cinderela”, encontramos o mesmo tipo de trama. Porem
a grande diferença reside no fato de que a infelicidade inicial da criança,
quando esta é reprimida por ser “tola, não é representada. É a tolice que a
deixa invulnerável à sentir-se triste desse fato.
Geralmente
os heróis, nesse tipo de estória, agem apenas quando surge um elemento exterior
e seu desenvolvimento apenas se completa quando a mesma nos faz associar nossa
existência a eles. O fato de que a criança se sente inferior diante de um mundo
que ela não compreende é aludido quando o herói é menosprezado no inicio do
conto.
Sempre
o protagonista é visto como feliz anterior ao problema exterior devido a sua
falta de expectativa. Quando o ser é confrontado com alguma expectativa oriunda
dos pais/mundo exterior é que ele começa a se sentir menosprezado e passa a
desenvolver o “superego”.
A simplicidade inicial do protagonista abre
caminho para a expectativa do futuro da criança, que se vê já construindo uma
identidade quando percebe que o que faz não algo valorizado. Apenas após ouvir
varias vezes a estória é que a criança se familiariza com ela pois sua
auto-estima está em jogo e o sucesso ilhe provoca um desenvolvimento mais
interior.
Estórias
como “O patinho feio” de Hans Christian Anderson, apesar de indicar um mesmo inicio, com o
herói sendo o último a nascer e menosprezado por sua simplicidade, estes são
mais voltados para adultos por apresentar outra espécie no conto além do
humano. A criança ao lê-lo, pode querer pertencer a outra espécie por sentir
que está menosprezada, uma vez que ele terá que se desenvolver diferentemente
das outras, que são humanos.
Muitos
contos de fada sugerem que a criança deve-se tornar superior que seus parceiros
humanos, algo não apresentado no Patinho feio, que faz nada e consegue tudo no
final. A criança necessita de uma visão de que pode escapar o destino, algo não
apresentado no conto de Anderson.
O
número três é sempre empregado para o leitor associar o protagonista à si
mesmo, independente que o primeiro seja o mais velho ou o mais novo, todos
sentem ciúmes. Os outros irmãos nunca se diferenciam um do outro, sendo maus e
superficiais em quase todo conto. A junção do numero três e o inevitável
sentido dos números para nosso inconsciente (por exemplo: Um representa nós
mesmo e dois representa um casal) faz com que o leitor nunca escape da sua
capacidade de associar o herói a si mesmo. Apenas quando o filho ultrapassa os
pais é que ele se vê como um si mesmo, portanto é um grande feitio para a
criança fazer isso. Ambiguamente, a criança só cresce com a ajuda de um adulto.
O
conto se inicia com um rei que está à beira da morte e que decide deixar o
reino para o melhor filho. Para descobrir quem é, ele manda os seus três filhos
procurar os tapetes mais lindos do reino seguindo a direção tomadas por três
penas que foram soltas por ele mesmo. Os dois filhos mais velhos, que são
considerados espertos, seguem seus respectivos penas e riem do fato de que
Parvo, o protagonista, deve ficar sentado ali na frente porque sua pena caiu
ali. Mas o herói logo percebe que ali tem um alçapão e se adentra ao
desconhecido.
Os
irmãos não se desenvolvem, mesmo com a repetição da prova três vezes,
demonstrando que o super ego por si só não desenvolve o ser humano. Mais tarde
isto é comprovado pelo fato de que a mulher do Parvo, uma rã transformada em
uma linda mulher, é capaz de saltar por um anel de fogo, enquanto as mulheres
encontradas pelos seus irmãos, que são camponesas, acabam por quebrar todos os
ossos. Isso demonstra que é necessária também habilidade.
Qual a importância da psicologia para a
formação do professor?
A
psicologia encontra-se como uma das disciplinas que precisa auxiliar o
professor a desenvolver conhecimentos e habilidades, além de competências,
atitudes e valores que possibilitem a ele ir construindo seus saberes docentes
a partir das necessidades e desafios que o ensino, como prática social, lhe
coloca no cotidiano.
O
conhecimento psicológico contribui para melhorar a compreensão e a explicação
dos fenômenos educativos, porém seu estudo deve facilitar do mesmo modo para
ampliação e aprofundamento do conhecimento psicológico.
Referência bibliográfica
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas.
14. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
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