1. DESCRIÇÃO DA
SITUAÇÃO E JUSTIFICATIVA
A Escola
Municipal Américo Renné Gianetti, tem enfrentado grandes desafios, devido a
transformações sociais, econômicas, culturais, éticos, morais, entre outras,
ocorridas nas últimas décadas. Dentre esses desafios o que tem afligido
os profissionais é o relacionamento humano em relação a comportamentos. Neste
contexto, a maior preocupação da equipe de profissionais da escola é focada na
indisciplina que se instaurou na turma do 5º ano do Ensino Fundamental. Isso
não significa que a escola não tenha problemas em outras turmas, que são casos
individualizados, mas nestes dois últimos anos o foco das atenções tem se
voltado especificamente para esta turma.
Os
professores, na ânsia de cumprirem o seu papel de educadores comprometidos, se
defrontam com problemas em ensinar aos alunos: que fazem barulho, que falam
alto, que gritam, que são inquietos, que não se interessam em apreender os
conteúdos escolares, que ficam “desligados”, enfim, que rejeitam o que a escola
e o professor têm a oferecer.
Há
algum tempo a questão da indisciplina deixou de ser um evento particular
da escola para ser tornar um dos grandes problemas escolares da atualidade, por
ser considerado um obstáculo para o rendimento da aprendizagem. Para
analisar o fenômeno da indisciplina no 5º ano e em outros casos específicos
desta escola, vamos partir do olhar do professor, por acreditarmos que
eles vivenciam cotidianamente os problemas em sala de aula.
Diante da
situação, o grande desafio neste projeto é para toda equipe de profissionais
que atuam na escola - docente e não docentes – que a partir daqui devem
refletir, propor e repensar as estratégias de ação pedagógica no cotidiano
escolar. Assim, todas as ações de intervenção, serão entendidas como uma
especificidade ampla, que não corresponderá não somente a transformação de uma
turma, mas de toda a escola.
2. OBJETIVO GERAL
Este
projeto de intervenção tem o objetivo de identificar os fatores que tem causado
a carência de limites e valores morais por parte dos alunos, especificamente do
5º ano do Ensino Fundamental e que serão estendidos a todas as turmas da escola.
Conhecer as estratégias dos professores, pais e equipe
pedagógica em relação à disciplina em sala de aula de alunos do 5º ano e em
geral da Escola Municipal Américo Renné Gianetti para, coletivamente, ressignificar essas estratégias de modo a obter
resultados mais significativos no tocante a um comportamento mais adequado no
ambiente escolar.
Usar o xadrez com uma estratégia para desenvolver a concentração e interesse
dos alunos, levando-os a gostar mais da sala de aula através deste jogo de
tabuleiro, uma vez que no xadrez o silêncio é obrigatório, requer concentração,
disciplina e raciocínio.
3. AÇÕES E PROPOSTAS
Na
atualidade, há uma vasta literatura sobre a temática indisciplina escolar. São
resultados de pesquisas que procuram identificar os fatores que tem causado a
carência de limites. Diante das leituras de alguns autores, pode-se observar várias
causas de indisciplina no interior das salas de aula.
Pesquisadores
como Freud e Piaget, segundo La Taille (1996), concordam em situar a origem da
moralidade na relação da criança com seus pais e o importante sentimento de
amor nesta relação. Para Freud, a interiorização das proibições paternas
constitui-se uma imagem ideal de si que servirá como medida empregada para avaliar
o próprio valor como pessoa. Para Piaget, a interiorização das regras
corresponde a uma assimilação nacional destas e uma nova exigência moral:
reciprocidade, respeitar e ser respeitado.
Taille
(1996, p.22) diz que “a indisciplina em sala de aula não se deve essencialmente
as falhas da pedagogia, pois esta em jogo o lugar que a escola ocupa hoje na
sociedade, o lugar que a criança e o jovem ocupam, o lugar que a moral
ocupa”.
Rego
(1996, p.100) defende que “o comportamento indisciplinado esta diretamente
relacionado a ineficiência da pratica pedagógica desenvolvida: metodologias que
subestimam a capacidade dos alunos, constantes ameaças visando o silencio da
turma.”
Aquino
(1996) descreve que a instituição escolar encontra-se dentro de um contexto
onde os limites não são mais valorizados, a mudança de calores sociais e
individuais sofre a cada dia transformações, projetando, dentro das escolas,
sujeitos sem disciplina.
Xadrez é um ato complexo, pois o esporte aborda
diversas áreas de expressão humana. Através do jogo, Vygotsky (1989) entende
que o indivíduo aprende a agir respeitando regras, a raciocinar, sua
curiosidade é estimulada, adquire autonomia e autoconfiança, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. O xadrez possui
uma importante contribuição para o desenvolvimento cognitivo do aluno. Segundo
Vygotsky
“Da mesma forma que uma situação imaginária tem que
conter regras de comportamento, todo jogo com regras contém uma situação
imaginária. Jogar xadrez, por exemplo, cria uma situação imaginária. Por quê?
Porque o cavalo, o rei, a rainha etc. só podem mover de maneiras determinadas;
porque proteger e comer peças são puramente conceitos de xadrez.” ( p.112)
Através do xadrez, aprendemos que temos de ser
reais, leais, verdadeiros e inteligentes para que atinjamos a consciência
necessária para a evolução individual. O xadrez explica o funcionamento da vida
e das sociedades e quais as suas artimanhas, tentações e adversidades que
encontramos pela frente, indicando-nos o caminho e as ferramentas necessárias
para chegarmos com êxito ao ponto final de nosso percurso.
O trabalho se
desenvolverá construindo os conceitos básicos do jogo em relação à história,
regras e funções de cada peça, demonstrando assim a importância do xadrez. Para
que isso ocorra, será criada uma rotina com horários determinados dentro do
tempo escolar. Por exemplo, escolher um dia da semana e trabalhar por meia ou
uma hora que pode variar de acordo a dinâmica e evolução do jogo.
Nas primeiras
aulas, se faz um relato sobre o xadrez, mostrando seu histórico, sempre criando
um clima de interesse e atratividade. Após esse momento de primeiro contato, as
peças e suas funções serão trabalhadas, para possibilitar ao educando o
manuseio das mesmas, utilizando atividades escritas que trabalhem as regras do
xadrez, e/ou outros recursos como jogo de perguntas e respostas, xadrez vivo em
que os alunos ficam no lugar das peças formando um tabuleiro gigante e aprendem
com mais facilidade vivenciando.
Após essas etapas,
entraremos na parte prática estimulando o jogo saudável entre os alunos e
promovendo situações-problema que desafiem o raciocínio. Será sugerido que os
alunos utilizem o jogo durante o recreio como diversão e aprendizagem.
Durante o processo
de aprendizagem com o xadrez, para facilitar e socializar melhor o jogo é interessante
se criar na escola um grupo de monitores de outras salas que possam, no turno
oposto, auxiliar o professor e difundir essa prática milenar.
Ao final do projeto, será realizado com toda a turma
um xadrez vivo, onde cada criança poderá participar colocando em prática tudo
aquilo que aprendeu. Para tanto, serão confeccionados, com a ajuda dos
professores, trajes referentes às vestimentas das peças que compõem o xadrez.
Os grupos serão formados seguindo o esquema do jogo,
ou seja, cada peça terá vida e assim somente uma pessoa poderá assumir um papel
por vez, sendo estes: um rei branco, um rei preto, uma rainha branca, uma
rainha preta, dois bispos brancos, dois bispos pretos, dois cavalos brancos,
dois cavalos pretos, duas torres brancas, duas torres pretas, oito peões
brancos e oito peões pretos, somando trinta e duas peças, no caso pessoas.
4. LOCAL E
DURAÇÃO DA METODOLOGIA
O projeto será realizado na turma do 5º ano do
Ensinos Fundamental na Escola Municipal Américo Renné Gianetti e terá a duração
de um mês, sendo uma vez por semana.
5.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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