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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

PROJETO DE INTERVENÇÃO: O jogo de xadrez no processo ensino aprendizagem

1. DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO E JUSTIFICATIVA

A Escola Municipal Américo Renné Gianetti, tem enfrentado grandes desafios, devido a transformações sociais, econômicas, culturais, éticos, morais, entre outras, ocorridas nas últimas décadas. Dentre esses desafios  o que tem afligido os profissionais é o relacionamento humano em relação a comportamentos. Neste contexto, a maior preocupação da equipe de profissionais da escola é focada na indisciplina que se instaurou na turma do 5º ano do Ensino Fundamental. Isso não significa que a escola não tenha problemas em outras turmas, que são casos individualizados, mas nestes dois últimos anos o foco das atenções tem se voltado especificamente para esta turma.

Os professores, na ânsia de cumprirem o seu papel de educadores comprometidos, se defrontam com problemas em ensinar aos alunos: que fazem barulho, que falam alto, que gritam, que são inquietos, que não se interessam em apreender os conteúdos escolares, que ficam “desligados”, enfim, que rejeitam o que a escola e o professor têm a oferecer.

Há  algum tempo a questão da indisciplina  deixou de ser um evento particular da escola para ser tornar um dos grandes problemas escolares da atualidade, por ser considerado um obstáculo para  o rendimento da aprendizagem. Para analisar o fenômeno da indisciplina no 5º ano e em outros casos específicos desta escola, vamos partir do olhar  do professor, por acreditarmos que eles vivenciam cotidianamente  os problemas em sala de aula.

Diante da situação, o grande desafio neste projeto é para toda equipe de profissionais que atuam na escola - docente e não docentes – que a partir daqui devem refletir, propor e repensar as estratégias de ação pedagógica no cotidiano escolar. Assim, todas as ações de intervenção, serão entendidas como uma especificidade ampla, que não corresponderá não somente a transformação de uma turma, mas de toda a escola.


2. OBJETIVO GERAL

Este projeto de intervenção tem o objetivo de identificar os fatores que tem causado a carência de limites e valores morais por parte dos alunos, especificamente do 5º ano do Ensino Fundamental e que serão estendidos a todas as turmas da escola.

Conhecer as estratégias dos professores, pais e equipe pedagógica em relação à disciplina em sala de aula de alunos do 5º ano e em geral da Escola Municipal Américo Renné Gianetti para, coletivamente, ressignificar essas estratégias de modo a obter resultados mais significativos no tocante a um comportamento mais adequado no ambiente escolar.

Usar o xadrez com uma estratégia para desenvolver a concentração e interesse dos alunos, levando-os a gostar mais da sala de aula através deste jogo de tabuleiro, uma vez que no xadrez o silêncio é obrigatório, requer concentração, disciplina e raciocínio.

3. AÇÕES E PROPOSTAS
Na atualidade, há uma vasta literatura sobre a temática indisciplina escolar. São resultados de pesquisas que procuram identificar os fatores que tem causado a carência de limites. Diante das leituras de alguns autores, pode-se observar várias causas de indisciplina no interior das salas de aula.

Pesquisadores como Freud e Piaget, segundo La Taille (1996), concordam em situar a origem da moralidade na relação da criança com seus pais e o importante sentimento de amor nesta relação. Para Freud, a interiorização das proibições paternas constitui-se uma imagem ideal de si que servirá como medida empregada para avaliar o próprio valor como pessoa. Para Piaget, a interiorização das regras corresponde a uma assimilação nacional destas e uma nova exigência moral: reciprocidade, respeitar e ser respeitado.

Taille (1996, p.22) diz que “a indisciplina em sala de aula não se deve essencialmente as falhas da pedagogia, pois esta em jogo o lugar que a escola ocupa hoje na sociedade, o lugar que a  criança e o jovem ocupam, o lugar que a moral ocupa”.
Rego (1996, p.100) defende que “o comportamento indisciplinado esta diretamente relacionado a ineficiência da pratica pedagógica desenvolvida: metodologias que subestimam a capacidade dos alunos, constantes ameaças visando o silencio da turma.”

Aquino (1996) descreve que a instituição escolar encontra-se dentro de um contexto onde os limites não são mais valorizados, a mudança de calores sociais e individuais sofre a cada dia transformações, projetando, dentro das escolas, sujeitos sem disciplina.

Xadrez é um ato complexo, pois o esporte aborda diversas áreas de expressão humana. Através do jogo, Vygotsky (1989) entende que o indivíduo aprende a agir respeitando regras, a raciocinar, sua curiosidade é estimulada, adquire autonomia e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. O xadrez possui uma importante contribuição para o desenvolvimento cognitivo do aluno. Segundo Vygotsky

“Da mesma forma que uma situação imaginária tem que conter regras de comportamento, todo jogo com regras contém uma situação imaginária. Jogar xadrez, por exemplo, cria uma situação imaginária. Por quê? Porque o cavalo, o rei, a rainha etc. só podem mover de maneiras determinadas; porque proteger e comer peças são puramente conceitos de xadrez.” ( p.112)

Através do xadrez, aprendemos que temos de ser reais, leais, verdadeiros e inteligentes para que atinjamos a consciência necessária para a evolução individual. O xadrez explica o funcionamento da vida e das sociedades e quais as suas artimanhas, tentações e adversidades que encontramos pela frente, indicando-nos o caminho e as ferramentas necessárias para chegarmos com êxito ao ponto final de nosso percurso.

O trabalho se desenvolverá construindo os conceitos básicos do jogo em relação à história, regras e funções de cada peça, demonstrando assim a importância do xadrez. Para que isso ocorra, será criada uma rotina com horários determinados dentro do tempo escolar. Por exemplo, escolher um dia da semana e trabalhar por meia ou uma hora que pode variar de acordo a dinâmica e evolução do jogo.

Nas primeiras aulas, se faz um relato sobre o xadrez, mostrando seu histórico, sempre criando um clima de interesse e atratividade. Após esse momento de primeiro contato, as peças e suas funções serão trabalhadas, para possibilitar ao educando o manuseio das mesmas, utilizando atividades escritas que trabalhem as regras do xadrez, e/ou outros recursos como jogo de perguntas e respostas, xadrez vivo em que os alunos ficam no lugar das peças formando um tabuleiro gigante e aprendem com mais facilidade vivenciando.

Após essas etapas, entraremos na parte prática estimulando o jogo saudável entre os alunos e promovendo situações-problema que desafiem o raciocínio. Será sugerido que os alunos utilizem o jogo durante o recreio como diversão e aprendizagem.

Durante o processo de aprendizagem com o xadrez, para facilitar e socializar melhor o jogo é interessante se criar na escola um grupo de monitores de outras salas que possam, no turno oposto, auxiliar o professor e difundir essa prática milenar.

Ao final do projeto, será realizado com toda a turma um xadrez vivo, onde cada criança poderá participar colocando em prática tudo aquilo que aprendeu. Para tanto, serão confeccionados, com a ajuda dos professores, trajes referentes às vestimentas das peças que compõem o xadrez.

Os grupos serão formados seguindo o esquema do jogo, ou seja, cada peça terá vida e assim somente uma pessoa poderá assumir um papel por vez, sendo estes: um rei branco, um rei preto, uma rainha branca, uma rainha preta, dois bispos brancos, dois bispos pretos, dois cavalos brancos, dois cavalos pretos, duas torres brancas, duas torres pretas, oito peões brancos e oito peões pretos, somando trinta e duas peças, no caso pessoas.

4. LOCAL E DURAÇÃO DA METODOLOGIA

O projeto será realizado na turma do 5º ano do Ensinos Fundamental na Escola Municipal Américo Renné Gianetti e terá a duração de um mês, sendo uma vez por semana.




5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ANTUNES, Celso. Certos passos que são passos certos. In: professor bonzinho=aluno difícil: a questão da indisciplina em sala de aula. 6ª ed. Petrópolis, RJ.: Vozes,2007,fasc.10,p.54et seq.

CAMARGO ,JS.: Pais e Professores à beira de um ataque de nervos entre  o limite e o poder. Arquivos do Apodoc, v.4.2, p,61, jul/dez,2000.

REGO,T.C.R.; A indisciplina do ponto de vista dos professores e dos alunos. In: Aquino, J.G (org ). Indisciplina na Escola.11 ed. São Paulo: Summus, 1996.p 87 et seq.

SILVA , Wilson da, Xadrez para todos, 2011 * Silva, Wilson da, Meu primeirolivro de xadrez, * Slides: Neto, Charles Moura, Jogos Matemáticos conhecendo o Xadrez * Libro del Monitor de Ajedrez; Esunapublicación de Chess Education and Technology, S.L. EDAMI. C/ Francisco Giner 42, bajos. 08012 Barcelona * Site do Ministério da Educação – MEC * Site do Ministério de Esportes

TAYLLE,Y. de L. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: Aquino, J.G (org ). Indisciplina na Escola. 11 ed. São Paulo: Summus, 1996.p 87 et seq. ARAUJO, F Ulisses.: Disciplina,Indisciplina e a Complexidade do cotidiano escolar, ( 1996 )

VASCONCELLOS, Celso dos S.: Os Desafios da Indisciplina em Sala de aula. São Paulo: Fde, 1997.


VIGOSTKI, Lev Semenovich, (1896-1934). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores/ L.S. Vigotski; organizadores Michael Cole…[et al.] ; tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 7ª ed. São Paulo: Martins Fonte, 2007. 

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