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domingo, 6 de agosto de 2017

Texto "A indisciplina e a escola atual"

Tema: (In)disciplina
Texto: A indisciplina e a escola atual
Autor: Julio Groppa Aquino
                  
Júlio Groppa Aquino é mestre e doutor em Psicologia escolar pela USP, livre-docente da Faculdade de Educação desta Universidade, e um dos nomes mais controvertidos da esfera educacional; ele é famoso por suas discussões acaloradas e opiniões apimentadas sobre temas ligados a este campo. Seus ensaios e escritos incendeiam os debates sobre a educação contemporânea, seja nos aspectos da violência, da indisciplina ou nos do papel da família, fatores que incidem diretamente na rotina escolar. Colunista dos veículos Nova Escola e Educação, o professor não se limita a estimular a fogueira, mas vai mais longe, tecendo raciocínios e insistindo na necessidade de modificações urgentes na área da educação.

O texto refere-se à uma versão ampliada do roteiro da vídeo/palestra “A indisciplina e a escola atual”, de 1997 na FDE/SP, da qual o professor fez parte. Trata-se de uma explanação geral sobre indisciplina. Aquino defende que a indisciplina e o baixo aproveitamento escolar são impasses para a escola (claro que para a educação como um todo) no Brasil. Faz uma descrição detalhada do aluno problema e divide esse conceito em três partes: 
·        aluno “desrespeitador”
·        aluno “sem limites”
·        aluno “desinteressado”.
Em cada uma dessas denominações, o autor procura desconstruir as explicações mais comuns nos meios educacionais para a indisciplina, tais como “a estruturação escolar do passado, problemas psicológicos e sociais, a permissividade da família, o desinteresse pela escola, o apelo de outros meios de comunicação etc.”
Após essa desconstrução, em que usa argumentos muito contundentes, Aquino promove uma leitura pedagógica da indisciplina, propõe algumas premissas pedagógicas fundamentais e as cinco regras éticas do trabalho docente.

Aquino  propõe uma reflexão sobre a crise da educação, defendendo que todos sabemos da sua presença, pois observa-se que existe um mal estar geral em relação à educação, mas não sabemos a sua extensão nem a sua razão, pelo menos não a fundo.

Os indícios dessa crise podem ser analisados pelo fato de que os alunos não cumprem sua escolaridade obrigatória, a maioria das pessoas tem história de inadequação ou insucesso na escola e o os índices brasileiros de evasão e repetência serem semelhantes aos da Nigéria ou Sudão.

Com o que foi exposto acima, verificamos que existe, no Brasil, o fracasso escolar (alunos que não terminam a escola) e o fracasso dos incluídos (alunos com história de insucesso). O Brasil, em relação à economia, pode ser comparado a países da Europa ou Ásia, enquanto em relação à educação, a países da África.

Esses resultados geram um mal estar geral e a uma falta aguda de credibilidade no professor enquanto profissional. Aquino defende também que sem escola não há cidadania sustentável e o cidadão não tem acesso aos direitos constituídos, além do fato de que o mundo será implacável contra os sem escolaridade.

Ao descrever o aluno problema, Aquino diz que esse aluno padece de distúrbios pedagógicos, cognitivos ou comportamentais. Esses problemas geram os obstáculos da ação docente: a indisciplina e o baixo rendimento.

Segundo o autor, existe uma contradição quando se defende que o sucesso escolar seja fruto da ação docente e o fracasso escolar seja produto de outras instâncias. Ou tudo, tanto fracasso quanto sucesso, é fruto da ação docente, ou tudo fruto de outras instâncias.

Sem um papel bem definido torna-se inviável até mesmo o conceito de escola. Na entrevista ao Zero Hora, o autor diz: “Todos dizem que educar virou uma missão impossível. Então, fecha a bodega.” Dessa forma, temos um problema ético: seria o mesmo que dizer que o problema da medicina são as novas doenças.

O aluno problema deveria se configurar como uma oportunidade de crescimento profissional, pois é nas grandes adversidades que todo profissional desenvolve melhor suas habilidades. Precisamos rever nossos conceitos, procurando alternativas e não justificativas para a indisciplina escolar.

O autor encerra seu texto trazendo as premissas do trabalho pedagógico:

·        objeto de ação: conhecimento;
·        distinção entre papéis: professor e aluno;
·        contrato pedagógico explícito e
·        sala de aula: lugar onde a educação escolar acontece

E também as cinco regras éticas do trabalho docente:

·        aluno problema: porta voz das relações;
·        des-idealização do perfil de aluno;
·        fidelidade ao contrato pedagógico;
·        experimentação de novas regras de trabalho;

·        competência e prazer.

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