INTRODUÇÃO
No
inicio do século XIX, o positivismo havia sido inserido na sociedade como o
modelo de pensamento vigente. Seu ideal se baseava no conhecimento cientifico
como sendo a excelência da capacidade humana de compreender a realidade.
Técnicas fundamentadas no cientificismo de Comte criaram um cenário escolar onde
as disciplinas, hoje consideradas clássicas, fundaram as primeiras escolas.
Seus currículos, assim como práticas pedagógicas, eram embutidos de conotações
positivistas.
O
reducionismo cientifico, porém, com o passar do tempo, se provou como sendo uma
medida insuficiente para aquele período. Problemas importantes como as emoções
e os diferentes níveis de capacidade de compreensão dos estudantes ficavam por
segundo plano resultando em um ensino puramente teórico ou com ênfase em
metodologias que atendiam todos os alunos como sendo iguais.
A
sociedade estava entrando na era do industrialismo e do cientificismo, mas
ainda pensava escolasticamente. Para Comte isso era inconcebível. A exemplo de
Condorcet, acreditava em evoluções gradativas do espírito humano e para explicá-las
elaborou sua conhecida “Lei dos Três Estados de Evolução do Espírito Humano”.
De acordo com ele, o primeiro estado seria o Teológico, o estado originário, o
mais primitivo no desenvolvimento do espírito no qual os homens atribuem a produção
dos fenômenos a entidades sobrenaturais. (GONÇALVES DE OLIVEIRA, 2010, p.5)
No
final do século, a sociedade se encontrava arraigada a um novo modelo social
pelo qual o individualismo, anteriormente negada pelo Comte, era o motor (até
os dias atuais). Sendo assim, surgiu-se a necessidade de unir as disciplinas
que haviam sido plenamente separadas em cada canto do currículo durante o
positivismo.
A
necessidade de atender a um novo tipo de aluno e o surgimento de PCN’s, as
escolas passaram a integrar em seus currículos, temas variados que criavam
pontes de interlocução entre as matérias. Filosofia, sociologia, ética e seus
derivados são a partir do final do século XX temas consistentes dentro das
escolas (distribuição desigual devido ao desenvolvimento de cada região).
DESENVOLVIMENTO
A autonomia da educação é compreendida como sua
possibilidade de se adequar ao mundo da produção sem desconsiderar as
competências cognitivas e culturais exigidas para o pleno desenvolvimento
humano, pois o desenvolvimento de tais competências "(...) passa a
coincidir com o que se espera na esfera da produção" (idem, ibid, p. 25).
Uma educação autônoma para os parâmetros é uma educação que não mais precisa se
adaptar aos modelos da análise de tarefas, mas pode formar o trabalhador
adequado e disponível à inserção na estrutura social vigente e em seus
processos produtivos, agora pós-fordistas.
(CASIMIRO LOPES, 2002)
Desde
1995, o MEC tem promovido um debate a respeito dos currículos no que tange sua
capacidade de promover o dialogo com a sociedade brasileira, sendo que a maior
ênfase se dá por parte dos temas transversais que são:
Temas
transversais é um conjunto de conteúdos educativos e eixos condutores da
atividade escolar que, não estando ligada a nenhuma matéria particular, pode se
considerar que são comuns a todas, de forma que, mais do que criar novas
disciplinas, acha-se conveniente que seu tratamento seja transversal num
currículo global da escola. (YUS, 1998, p.17)
São
temas transversais: ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde,
orientação sexual e os temas locais.
A
ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas e possui a capacidade
de compreender as coisas não de forma neutra, mas fazendo juízo de valor,
mostrando que é certo e o que é errado e como agir perante os outros.
A
sociedade brasileira é conhecida pela sua pluralidade cultural, uma vez que
possui diferentes grupos e culturas não ocorre apenas na paisagem, mas nos
sentimentos que geram respeito.
O
meio ambiente diz respeito ao ser humano, às relações econômicas, sociais e
culturais. Procura levar o aluno a compreender e manter o ambiente, crescimento
cultural, qualidade de vida, equilíbrio ambiental etc.
A
saúde trabalha a qualidade do ar, da água e do alimento. Trata da capacidade de
consumir coisas adequadas e leva o aluno a refletir sobre o consumismo
desenfreado e a sua possível escassez.
A
orientação sexual possui um papel de intervenção pedagógica, problematizando
questões relacionadas à posturas, crenças, tabus e valores. É um trabalho
realizado coletivamente e tem o objetivo
de apresentar a sexualidade de forma responsável e prazerosa (palavras trazidas
pelos PCN’s). Seus eixos são:
•
Corpo Humano
•
Relações de Gênero
•
Prevenções contra DST/AIDS
Os
temas locais são definidos nos âmbitos do Estado, cidade que vivem, ou escola que
estudam. Estão relacionados com a parte Diversificada dos conteúdos permitida
na LDB, por PCNs e diretrizes. Devem conter Propostas Pedagógicas com
participação da Comunidade para que sejam significativos para o aluno.
Observa-se
o cunho social que agora os currículos passam a se mesclar, uma vez que, o
aluno não é mais um depósito diário de conhecimento. Sua educação se enquadra
também naquilo que convive no dia a dia, portanto é fundamental ao professor
como ponte entre o conhecimento bruto e o conhecimento prático, prover ao
estudante uma gama de interpretações sobre os fenômenos que o cercam. A escola
passa a ser a entidade que traduz e leva seus agentes entre duas realidades.
Fora
do Brasil, alguns países adotaram mudanças sociais em seus currículos a fim de
“enriquecer” o conteúdo a ser dado e formar cidadãos melhores, como na Espanha
com a Lei da Educação (LOGSE). Porém,
diálogos entre a instituição, os professores e os conteúdos não escapam do
elitismo de antigas disciplinas aonde o cientifico continua a reinar, pois é o
conteúdo mais usado pelos sistemas de faculdade e emprego. O dilema que daí surge é uma entre a
praticidade de uma formação mais humana e o domínio cientificismo.
Essa
situação, claramente contraditória e totalmente inoperante para realizar os
fins educativos que a própria Lei de Educação prescreve, levou a arbitrar algumas
"saídas" para salvar a situação. Entre essas medidas, destaca-se a
regulação, sempre posterior, de uma série de conteúdos que, não querendo
desbancar os previamente fixados pelas disciplinas acadêmicas clássicas, se
apresentam como temas transversais no currículo, e, portanto, comuns a todas as
áreas e disciplinas. (YUS, 1998, p.2)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No
Brasil, ainda fomenta a necessidade de informar melhor os educadores a respeito
do que são os temas transversais, pois muitos projetos de intervenção são
vistos como momentâneos, seguindo a risco a política do momento. Os problemas
da implementação de disciplinas transversais tange o cunho cultural e
estrutural que proclama uma nova mudança educativa dentro das escolas, porém
esses pontos se agravam com a permanência de pessoas ligadas aos velhos hábitos
escolares, propondo disciplinas antigas como centrais e evitando a renovação
dos currículos. Os alunos, desse modo, enfrentam questões importantes da
cidadania como sendo apenas temporários, buscando apenas passar de ano e
efetivamente esquecendo os papeis fundamentais da cidadania.
Informar
educadores para conhecerem e acreditarem na importância do papel dos temas
transversais é de imediata importância para o desenvolvimento de uma sociedade
mais justa. Os produtos da escola são os produtos do nosso futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética /
Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 146p .
LOPES, Alice Casimiro. 2002, vol.23, n.80,
pp. 386-400. ISSN 1678-4626.
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302002008000019.
PCN - Temas transversais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v= d2ZPACa Px3E>. Acesso em 05 de
julho de 2015.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. 2ª ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 1995.
YUS, Rafael. Temas Transversais: em Busca de uma Nova Escola, Ed. Artmed, 1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário