Translate

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Temas Transversais PCN

INTRODUÇÃO

No inicio do século XIX, o positivismo havia sido inserido na sociedade como o modelo de pensamento vigente. Seu ideal se baseava no conhecimento cientifico como sendo a excelência da capacidade humana de compreender a realidade. Técnicas fundamentadas no cientificismo de Comte criaram um cenário escolar onde as disciplinas, hoje consideradas clássicas, fundaram as primeiras escolas. Seus currículos, assim como práticas pedagógicas, eram embutidos de conotações positivistas.

O reducionismo cientifico, porém, com o passar do tempo, se provou como sendo uma medida insuficiente para aquele período. Problemas importantes como as emoções e os diferentes níveis de capacidade de compreensão dos estudantes ficavam por segundo plano resultando em um ensino puramente teórico ou com ênfase em metodologias que atendiam todos os alunos como sendo iguais.

A sociedade estava entrando na era do industrialismo e do cientificismo, mas ainda pensava escolasticamente. Para Comte isso era inconcebível. A exemplo de Condorcet, acreditava em evoluções gradativas do espírito humano e para explicá-las elaborou sua conhecida “Lei dos Três Estados de Evolução do Espírito Humano”. De acordo com ele, o primeiro estado seria o Teológico, o estado originário, o mais primitivo no desenvolvimento do espírito no qual os homens atribuem a produção dos fenômenos a entidades sobrenaturais. (GONÇALVES DE OLIVEIRA, 2010, p.5)

No final do século, a sociedade se encontrava arraigada a um novo modelo social pelo qual o individualismo, anteriormente negada pelo Comte, era o motor (até os dias atuais). Sendo assim, surgiu-se a necessidade de unir as disciplinas que haviam sido plenamente separadas em cada canto do currículo durante o positivismo.

A necessidade de atender a um novo tipo de aluno e o surgimento de PCN’s, as escolas passaram a integrar em seus currículos, temas variados que criavam pontes de interlocução entre as matérias. Filosofia, sociologia, ética e seus derivados são a partir do final do século XX temas consistentes dentro das escolas (distribuição desigual devido ao desenvolvimento de cada região).

DESENVOLVIMENTO

A autonomia da educação é compreendida como sua possibilidade de se adequar ao mundo da produção sem desconsiderar as competências cognitivas e culturais exigidas para o pleno desenvolvimento humano, pois o desenvolvimento de tais competências "(...) passa a coincidir com o que se espera na esfera da produção" (idem, ibid, p. 25). Uma educação autônoma para os parâmetros é uma educação que não mais precisa se adaptar aos modelos da análise de tarefas, mas pode formar o trabalhador adequado e disponível à inserção na estrutura social vigente e em seus processos produtivos, agora pós-fordistas.  (CASIMIRO LOPES, 2002)

Desde 1995, o MEC tem promovido um debate a respeito dos currículos no que tange sua capacidade de promover o dialogo com a sociedade brasileira, sendo que a maior ênfase se dá por parte dos temas transversais que são:

Temas transversais é um conjunto de conteúdos educativos e eixos condutores da atividade escolar que, não estando ligada a nenhuma matéria particular, pode se considerar que são comuns a todas, de forma que, mais do que criar novas disciplinas, acha-se conveniente que seu tratamento seja transversal num currículo global da escola. (YUS, 1998, p.17)

São temas transversais: ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual e os temas locais.

A ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas e possui a capacidade de compreender as coisas não de forma neutra, mas fazendo juízo de valor, mostrando que é certo e o que é errado e como agir perante os outros.

A sociedade brasileira é conhecida pela sua pluralidade cultural, uma vez que possui diferentes grupos e culturas não ocorre apenas na paisagem, mas nos sentimentos que geram respeito.

O meio ambiente diz respeito ao ser humano, às relações econômicas, sociais e culturais. Procura levar o aluno a compreender e manter o ambiente, crescimento cultural, qualidade de vida, equilíbrio ambiental etc.

A saúde trabalha a qualidade do ar, da água e do alimento. Trata da capacidade de consumir coisas adequadas e leva o aluno a refletir sobre o consumismo desenfreado e a sua possível escassez.

A orientação sexual possui um papel de intervenção pedagógica, problematizando questões relacionadas à posturas, crenças, tabus e valores. É um trabalho realizado  coletivamente e tem o objetivo de apresentar a sexualidade de forma responsável e prazerosa (palavras trazidas pelos PCN’s). Seus eixos são:
        Corpo Humano
        Relações de Gênero  
        Prevenções contra DST/AIDS

Os temas locais são definidos nos âmbitos do Estado, cidade que vivem, ou escola que estudam. Estão relacionados com a parte Diversificada dos conteúdos permitida na LDB, por PCNs e diretrizes. Devem conter Propostas Pedagógicas com participação da Comunidade para que sejam significativos para o aluno.

Observa-se o cunho social que agora os currículos passam a se mesclar, uma vez que, o aluno não é mais um depósito diário de conhecimento. Sua educação se enquadra também naquilo que convive no dia a dia, portanto é fundamental ao professor como ponte entre o conhecimento bruto e o conhecimento prático, prover ao estudante uma gama de interpretações sobre os fenômenos que o cercam. A escola passa a ser a entidade que traduz e leva seus agentes entre duas realidades.

Fora do Brasil, alguns países adotaram mudanças sociais em seus currículos a fim de “enriquecer” o conteúdo a ser dado e formar cidadãos melhores, como na Espanha com a Lei da Educação (LOGSE).  Porém, diálogos entre a instituição, os professores e os conteúdos não escapam do elitismo de antigas disciplinas aonde o cientifico continua a reinar, pois é o conteúdo mais usado pelos sistemas de faculdade e emprego.  O dilema que daí surge é uma entre a praticidade de uma formação mais humana e o domínio cientificismo.

Essa situação, claramente contraditória e totalmente inoperante para realizar os fins educativos que a própria Lei de Educação prescreve, levou a arbitrar algumas "saídas" para salvar a situação. Entre essas medidas, destaca-se a regulação, sempre posterior, de uma série de conteúdos que, não querendo desbancar os previamente fixados pelas disciplinas acadêmicas clássicas, se apresentam como temas transversais no currículo, e, portanto, comuns a todas as áreas e disciplinas. (YUS, 1998, p.2)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, ainda fomenta a necessidade de informar melhor os educadores a respeito do que são os temas transversais, pois muitos projetos de intervenção são vistos como momentâneos, seguindo a risco a política do momento. Os problemas da implementação de disciplinas transversais tange o cunho cultural e estrutural que proclama uma nova mudança educativa dentro das escolas, porém esses pontos se agravam com a permanência de pessoas ligadas aos velhos hábitos escolares, propondo disciplinas antigas como centrais e evitando a renovação dos currículos. Os alunos, desse modo, enfrentam questões importantes da cidadania como sendo apenas temporários, buscando apenas passar de ano e efetivamente esquecendo os papeis fundamentais da cidadania.

Informar educadores para conhecerem e acreditarem na importância do papel dos temas transversais é de imediata importância para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa. Os produtos da escola são os produtos do nosso futuro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 146p .

LOPES, Alice Casimiro. 2002, vol.23, n.80, pp. 386-400. ISSN 1678-4626.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302002008000019. 

PCN - Temas transversais.  Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v= d2ZPACa Px3E>.  Acesso em 05 de julho de 2015.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.


YUS, Rafael. Temas Transversais: em Busca de uma Nova Escola, Ed. Artmed, 1998.

Nenhum comentário:

Postar um comentário